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Acidentes por abelhas
Abelhas são insetos da ordem Hymenoptera, assim como as vespas e as formigas. Algumas espécies são conhecidas por produzirem o mel e viverem em colônias, com uma organização hierárquica com uma rainha, alguns machos férteis e milhares de operárias fêmeas.
As abelhas operárias são as responsáveis pela defesa da colônia. Ao picar, elas perdem parte do aparato inoculador, morrendo em seguida.
Este aparato possui músculos próprios e continuam injetando a peçonha mesmo após a separação do resto do corpo. Próximas a um enxame, as primeiras abelhas, ao picar, liberam um feromônio que faz com que outras ataquem o mesmo alvo, podendo ocasionar acidente com centenas de picadas.
As Mamangavas ou Mamangabas, que são abelhas das subfamílias Bombinae e Euglossinae, não perdem o ferrão e podem ferroar várias vezes.
A picada de abelhas consiste na injeção de veneno com objetivo de causar dor e desconforto físico a seus agressores ou intrusos, percebidos como ameaça à integridade de suas colmeias. Esses venenos são misturas complexas de aminas biogênicas, peptídeos e enzimas, com diversas atividades farmacológicas e alergênicas.
Acidente por abelha é o quadro de envenenamento decorrente da injeção de toxinas através do aparelho inoculador (ferrão) de abelhas.
No Brasil, as abelhas ditas africanizadas, ou seja, mestiças de Apis mellifera scutellata (africana) e Apis mellifera ligustica (européia) principalmente, são responsáveis por muitos relatos de acidentes, por serem mais agressivas do que as europeias.
Entre os 5 principais tipos de acidentes por animais peçonhentos, o acidente por abelhas é o único que não possui um soro específico para o tratamento no Brasil, porém há estudos acerca de sua produção.
Sintomas
O quadro de intoxicação varia pela quantidade de veneno aplicado e pela susceptibilidade em relação a uma reação alérgica ao veneno. Um indivíduo pode ser picado por uma a milhares de abelhas. No caso de poucas picadas, o quadro clínico pode variar de uma inflamação local até uma forte reação alérgica (choque anafilático). No caso de múltiplas picadas pode decorrer uma manifestação tóxica mais grave e, às vezes, até mesmo fatal.
As manifestações clínicas podem ser de naturezas tóxicas e alérgicas. As reações tóxicas locais decorrentes da picada de abelhas estão associadas à dor, edema e eritema. Em casos de múltiplas picadas, podem ocorrer manifestações sistêmicas, devido à grande quantidade de veneno inoculada.
Nesse caso, os sintomas são pruridos, rubor, calor generalizado, pápulas, placas urticariformes, hipotensão, taquicardia, cefaleia, náuseas e/ou vômitos, cólicas abdominais e broncoespasmos. Em casos mais graves pode ocorrer choque, insuficiência respiratória aguda, rabdomiólise e injúria renal aguda.
As manifestações alérgicas locais são caracterizadas por um edema que persiste por alguns dias. As reações alérgicas sistêmicas podem variar de urticária generalizada e mal-estar até edema de glote, broncoespasmos, choque anafilático, queda da pressão arterial, colapso, perda da consciência, incontinência urinária e fecal e cianose.
Tratamento
Não há exames específicos para o diagnóstico. O diagnóstico dos acidentes provocados por abelhas é feito, basicamente, através da história clínica, e a gravidade dos pacientes deverá orientar os exames complementares.
Exames de urina tipo I e hemograma completo podem ser os utilizados para a detecção dos quadros sistêmicos. A determinação dos níveis séricos de enzimas de origem muscular, como a creatinoquinase total (CK), lactato desidrogenase (LDH), aldolases e aminotransferases (ALT e AST) e as dosagens de hemoglobina, haptoglobina sérica e bilirrubinas, nos pacientes com centenas de picadas. Nestes casos, a síndrome de envenenamento grave expõe manifestações clínicas sugestivas de rabdomiólise e hemólise intravascular.
Para o tratamento das manifestações tóxicas ocasionadas por uma ou poucas picadas, recomenda-se a retirada dos ferrões e a utilização de compressas frias e analgésicos para o alívio da dor.
Nos casos de picadas massivas, utiliza-se anti-inflamatórios não-hormonais e anti-histamínicos, e corticosteroides sistêmicos para tratar edemas extensos. Nos casos onde ocorrem hemólise intravascular, rabdomiólise, necrose tubular aguda e colapso respiratório e cardiovascular, o tratamento apropriado deve ser estabelecido na maior brevidade.
O tratamento das reações alérgicas varia de acordo com a gravidade das manifestações apresentadas e são abordadas da mesma forma que se trata outras reações anafiláticas.
Prevenção
• A remoção das colônias de abelhas situadas em lugares públicos ou residências deve ser efetuada por profissionais devidamente treinados e equipados, preferencialmente à noite ou ao entardecer, quando os insetos estão calmos;
• Evite aproximar-se de colmeias de abelhas africanizadas sem estar com vestuário e equipamentos adequados (macacão, luvas, máscara, botas, fumigador, etc.);
• Evite caminhar e correr na rota de voo das abelhas;
• Barulhos, perfumes fortes, desodorantes, o próprio suor do corpo e cores escuras (principalmente preta e azul-marinho) desencadeiam o comportamento agressivo e, consequentemente, o ataque de abelhas;
• Sons de motores de aparelhos de jardinagem, por exemplo, exercem extrema irritação em abelhas. O mesmo ocorre com som de motores de popa;
• No campo, o trabalhador deve ficar atento para a presença de abelhas, principalmente no momento de arar a terra com tratores. (Ministério da Saúde Brasil)