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Acidentes por Escorpiões
Acidente escorpiônico ou escorpionismo é o quadro clínico de envenenamento provocado quando um escorpião injeta sua peçonha através do ferrão (télson). Os escorpiões são representantes da classe dos aracnídeos, predominantes nas zonas tropicais e subtropicais do mundo, com maior incidência nos meses em que ocorre aumento de temperatura e umidade.
No Brasil, os escorpiões de importância em saúde pública são as seguintes espécies do gênero Tityus:
— Escorpião-amarelo (T. serrulatus) - com ampla distribuição em todas as macrorregiões do país, representa a espécie de maior preocupação em função do maior potencial de gravidade do envenenamento e pela expansão em sua distribuição geográfica no país, facilitada por sua reprodução partenogenética e fácil adaptação ao meio urbano.
— Escorpião-marrom (T. bahiensis) - encontrado na Bahia e regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul do Brasil.
— Escorpião-amarelo-do-nordeste (T. stigmurus) – Também apresenta reprodução do tipo partenogenética. É a espécie mais comum no Nordeste, apresentando alguns registros nos estados de São Paulo, Paraná e Santa Catarina.
— Escorpião-preto-da-amazônia (T. obscurus) – Principal causadora de acidentes e óbitos na região Norte e no Estado de Mato Grosso.
Outras espécies também causam envenenamento, mas com menor frequência e normalmente com menos gravidade.
Sintomas
— Manifestações locais – dor de instalação imediata em praticamente todos os casos, podendo se irradiar para o membro e ser acompanhada de parestesia, eritema e sudorese local. Em geral, o quadro mais intenso de dor ocorre nas primeiras horas após o acidente.
— Manifestações sistêmicas – após intervalo de minutos até poucas horas (duas a três) podem surgir, principalmente em crianças, os seguintes sintomas: sudorese profusa, agitação psicomotora, tremores, náuseas, vômitos, sialorreia, hipertensão ou hipotensão arterial, arritmia cardíaca, insuficiência cardíaca congestiva, edema pulmonar agudo e choque. A presença dessas manifestações indica a suspeita do diagnóstico de escorpionismo, mesmo na ausência de história de picada ou identificação do animal.
Crianças constituem o grupo mais suscetível ao envenenamento sistêmico grave.
Tratamento
O diagnóstico de envenenamento dos acidentes escorpiônicos é eminentemente clínico-epidemiológico, não sendo empregado na rotina hospitalar exame laboratorial para confirmação do veneno circulante.
Alguns exames complementares são úteis para auxílio no diagnóstico e acompanhamento de pacientes com manifestações sistêmicas, como eletrocardiograma, radiografia do tórax, ecocardiografia e exames bioquímicos.
O tratamento específico é feito com o Soro Antiescorpiônico (ASAEsc), de preferência ou, na falta deste, com o Soro Antiaracnídico (Loxosceles, Phoneutria e Tityus) (BSAAr). Os soros devem ser administrados em ambiente hospitalar e sob supervisão médica.
Classificação Clínica
Leve: dor e parestesias locais. Nº de ampolas: 0
Moderado: dor local intensa associada a uma ou mais manifestações (náuseas, vômitos, sudorese, sialorreia, agitação, taquipneia e taquicardia). SAEscA, ou SAArB - Nº de ampolas: 2 a 3
Grave: além das manifestações clínicas citadas na forma moderada, há presença de uma ou mais das seguintes manifestações: vômitos profusos e incoercíveis, sudorese profusa, sialorreia intensa, prostração, convulsão, coma, bradicardia, insuficiência cardíaca, edema pulmonar agudo e choque. SAEscA, ou SAArB - Nº de ampolas: 4 a 6
Prevenção
— Acondicionar lixo domiciliar em sacos plásticos ou outros recipientes que possam ser mantidos fechados, para evitar baratas, moscas ou outros insetos de que se alimentam os escorpiões.
— Combater a proliferação de baratas no intradomicílio. No caso da utilização de pesticidas, recomenda-se o uso de formulações do tipo gel ou pó. Esta atividade deve ser executada somente por profissionais de empresas especializadas.
— Manter jardins e quintais limpos. Evitar o acúmulo de entulhos, folhas secas, lixo doméstico e materiais de construção nas proximidades das casas. Usar calçados e luvas de raspas de couro nas tarefas de limpeza em jardins e quintais.
— Evitar folhagens densas (plantas ornamentais, trepadeiras, arbusto, bananeiras e outras) junto a paredes e muros das casas. Manter a grama aparada.
— Solicitar ao proprietário ou, no impedimento deste, à prefeitura, a limpeza periódica de terrenos baldios vizinhos, pelo menos, numa faixa de um a dois metros junto às casas.
— Sacudir e examinar roupas e sapatos antes de usá-los, pois escorpiões podem se esconder neles e picam ao serem comprimidos contra o corpo.
— Evitar colocar as mãos sem luvas em buracos, sob pedras, troncos podres e em dormentes da linha férrea.
— Nas casas e apartamentos utilizar soleiras nas portas e janelas, telas em ralos do chão, pias e tanques. Vedar frestas e buracos em paredes, assoalhos e vãos entre o forro e a parede. Consertar rodapés despregados.
— Afastar as camas e berços das paredes. Evitar que roupas de cama e mosquiteiros encostem no chão. Não pendurar roupas nas paredes.
— Preservar os inimigos naturais de escorpiões: aves de hábitos noturnos (coruja, joão-bobo), lagartos e sapos. (Ministério da Saúde Brasil)