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Bactéria tem potencial como biopesticida para combater fungos que atacam alimentos
Na Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da USP, pesquisa demonstra o potencial da bactéria Pediococcus pentosaceus como biopesticida no combate a fungos que atacam cultivos agrícolas e alimentos.
Testada em laboratório, a bactéria inibiu a atividade dos genes que regulam a produção de toxinas pelo fungo Aspergillus nomius, presente em diversas espécies empregadas na agricultura e na alimentação, em especial grãos.
O professor Ricardo Pinheiro de Souza Oliveira, da FCF, que participou do estudo, relata ao Jornal da USP que atualmente existem diferentes tipos de biopesticidas.
“Os bioquímicos usam substâncias químicas, no caso, feromônios sexuais, para o controle de pragas por meio de mecanismos não tóxicos, o que é feito, por exemplo, nas culturas de algodão”, explica.
“Os microbianos são aqueles que usam alguma bactéria, fungo, vírus ou protozoário como ingrediente ativo. Geralmente são pulverizados nas lavouras, como no caso da Beauveria bassiana, fungo inseticida de contato que libera esporos quando é tocado, agindo ao infectar várias espécies de insetos.”
“Por fim, os biopesticidas incorporados em plantas são os vegetais que foram modificados geneticamente para produzirem o pesticida dentro dos seus próprios tecidos. Isso acontece, entre outras situações, com a adição de genes de Bacillus thuringiensis no genoma de plantas”, afirma Oliveira.
“Considerando a visão econômica, a agricultura acaba criando uma alta dependência dos pesticidas químicos, ou seja, dos agrotóxicos, porque eles melhoram e maximizam a produção”. Entretanto, estes apresentam desvantagens ambientais por interferir de forma indesejável na contaminação, intoxicação humana, desequilíbrios ecológicos e resistência de pragas.”
O objetivo da pesquisa foi avaliar de forma minuciosa a segurança e adequação da cepa de bactérias Pediococcus pentosaceus LBM18 para uso como biopesticida para o controle ou eliminação de fungos micotoxigênicos (que produzem toxinas) e suas micotoxinas.
A espécie é uma bactéria que se agrega em conjunto formando uma película chamada biofilme.
“A cepa já vem sendo estudada pelo nosso grupo de pesquisa há algum tempo e foi selecionada em razão do seu potencial antifúngico”, aponta o professor. “Abordamos vários possíveis mecanismos de ação e efeitos potencialmente deletérios.”
O professor acrescenta que o gênero Aspergillus, junto com o Penicillium e o Fusarium são responsáveis pela produção da maioria das toxinas de fungos conhecidas e estudadas até o momento, e frequentemente contaminam produtos que sofrem secagem e armazenamento.
“Por esta razão são chamados fungos de armazenamento. Sendo assim, grãos em geral e forrageiras, como silagem, podem facilmente ser contaminados por espécies de Aspergillus”, destaca.
Para chegar ao mercado, o biopesticida precisará ser estudado para verificar possíveis efeitos negativos em espécies não visadas pelo controle de pragas. (Júlio Bernardes/Jornal da USP)