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Biossensor pode identificar toxina produzida por fungos nos grãos de café
Pesquisadores do Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da USP, em colaboração com a Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e a Universidad del Norte (Colômbia), criaram um biossensor capaz de detectar a presença de ocratoxina (OTA) em meio aos grãos de café.
A toxina, que é produzida por vários fungos dos gêneros Penicillium e Aspergillus, é considerada um cancerígeno em potencial, além de apresentar outros riscos para a saúde humana e animal.
Os fungos se abrigam nos grãos de café e, quando passam por alguma perturbação ou estresse, acabam produzindo essa toxina para que outros competidores não tomem seu espaço.
Por apresentar resistência a altas temperaturas, a OTA não é completamente eliminada durante o processo de torrefação do café.
Como sua molécula se assemelha muito à de um aminoácido essencial (aqueles obtidos pela alimentação), quando a ingerimos, nosso corpo a recebe como tal – o que pode desencadear uma resposta tóxica no organismo.
Além de seu efeito potencialmente cancerígeno, a toxina também pode causar lesões nos rins e no fígado.
Biossensores são dispositivos analíticos integrados que têm por função traduzir um evento biológico em um sinal mensurável.
Quando ocorre uma interação entre a molécula presente no dispositivo e o elemento alvo, o biossensor é capaz de transformar essa reação biológica em um sinal passível de ser medido e quantificado.
Neste caso, ele torna possível mensurar a quantidade de ocratoxina presente na produção cafeeira.
“Nessa plataforma física uma molécula biológica é imobilizada, que pode ser um anticorpo, como nesse caso. Essa biomolécula vai ser selecionada especificamente para poder interagir com aquela molécula-alvo, que é a ocratoxina”, explica Valtencir Zucolotto, coordenador do Grupo de Nanomedicina e Nanotoxicologia (GNano) do IFSC da USP.
Atualmente, o valor de uma análise do nível de ocratoxina gira em torno de R$ 400 a R$ 600, além de exigir um prazo de cinco dias úteis para acesso aos resultados.
“O tempo de análise e o custo são fatores que colocam entraves na rotinerização do sistema de detecção. Então, a ideia é você ter um biossensor de baixo custo e que qualquer operador sem treinamento específico possa utilizar, inclusive no campo”, relata Zucolotto.
O Brasil é o maior exportador de café do mundo: foram mais de 35 milhões de sacas exportadas para mais de 122 países em 2022. (Camilla Almeida/Jornal da USP)