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    Câncer de boca

    O câncer de boca afeta os lábios e o interior da cavidade oral. Dentro da boca devem ser observados gengivas, bochechas, céu da boca, língua (principalmente as bordas), além da região embaixo da língua. O câncer do lábio é mais comum em pessoas brancas e ocorre mais frequentemente no lábio inferior.



    Câncer de boca. Foto: CDC/Unsplash


    As informações existentes nesta página pretendem apoiar conhecimento e pesquisa sobre o câncer de boca, mas não substitui, em nenhuma hipótese, consulta com o profissional de saúde (médico ou dentista). Se tiver qualquer sintoma, procure sempre uma avaliação com um profissional de sua confiança.

    Prevenção

    O câncer de boca acomete mais os homens acima dos 40 anos. Um pequeno grupo de pacientes mais jovens, não tabagistas e não alcóolicos, pode desenvolver a doença. Pesquisas têm buscado respostas na biologia-molecular para a incidência neste grupo. Porém, ainda não há resposta sobre o assunto. É uma doença que pode ser prevenida de forma simples, desde que seja dada ênfase à promoção à saúde, ao aumento do acesso aos serviços de saúde e ao diagnóstico precoce.

    Abstenção de fumo e bebidas alcoólicas, dieta rica em alimentos saudáveis, boa higiene oral, e outras atitudes como estas, diminuem as chances de desenvolver a maioria das doenças malignas, inclusive os tumores na boca, que são os mais comuns tipos de câncer de cabeça e pescoço no Brasil. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que a prevenção pode ajudar a reduzir a incidência de câncer em até 25% até 2025.

    Sintomas

    Os principais sinais que devem ser observados são:

    — Lesões na cavidade oral ou nos lábios que não cicatrizam por mais de 15 dias;
    — Manchas/placas vermelhas ou esbranquiçadas na língua, gengivas, palato (céu da boca), mucosa jugal (bochecha);
    — Nódulos (caroços) no pescoço;
    — Rouquidão persistente.

    Nos casos mais avançados observam-se os seguintes sintomas:

    — Dificuldade de mastigação e de engolir;
    — Dificuldade na fala;
    — Sensação de que há algo preso na garganta.

    Em qualquer um desses casos, procure um médico ou dentista para avaliação profissional.

    Detecção precoce

    Diante de alguma lesão que não cicatrize em um prazo máximo de 15 dias, deve-se procurar um profissional de saúde (médico ou dentista) para a realização do exame completo da boca. A visita periódica ao dentista favorece o diagnóstico precoce do câncer de boca, porque é possível identificar lesões suspeitas. Pessoas com maior risco para desenvolver câncer de boca (fumantes e consumidores frequentes de bebidas alcoólicas) devem ter cuidado redobrado.

    Tratamento

    Se diagnosticado no início e tratado da maneira adequada, a maioria dos casos desse tipo de câncer (80% deles) tem cura. Geralmente, o tratamento envolve cirurgia oncológica e/ou radioterapia. A avaliação médica, conforme cada caso, vai decidir qual melhor forma de tratamento. Os dois métodos podem ser usados de forma isolada ou associada. As duas técnicas têm bons resultados nas lesões iniciais e a indicação vai depender da localização do tumor e das alterações funcionais que possam ser provocadas pelo tratamento. As lesões iniciais são aquelas restritas ao local de origem.

    Autoexame

    Não há evidências científicas de que o autoexame seja efetivo como medida preventiva contra o câncer de boca. A população em geral tem dificuldade em diferenciar lesões potencialmente malignas de áreas anatômicas normais. Assim, corre o risco de negligenciar as lesões potencialmente perigosas, que podem levar ao diagnóstico tardio da doença.

    Em relação à detecção precoce, é imprescindível estar atento ao surgimento de qualquer sinal de alerta. Lesões que não cicatrizam após 15 dias devem ser investigadas por um profissional de saúde.

    Exame físico

    O exame de toda a cavidade bucal deve ser feito de maneira metódica para que todas as áreas sejam analisadas e seja possível a identificação de próteses dentárias ou outras prováveis causas de trauma contínuo. As lesões mais posteriores da cavidade bucal, por vezes, necessitam de visualização com o auxílio de instrumentos ou por espelho para a avaliação de sua extensão. As lesões, sempre que possível, devem ser palpadas, a fim de se confirmar seus reais limites e o acometimento de estruturas adjacentes.

    Ao ser identificado o tumor, é importante registrar suas dimensões e características: se é ulcerado, infiltrativo, necrosado, com infecção secundária, se ultrapassa a linha média, se há indícios de invasão óssea e/ou da musculatura profunda. A presença de leucoplasias, eritroplasias e possíveis lesões pré-neoplásicas simultâneas devem ser investigadas.

    O trismo, quando presente, pode ser decorrente da invasão tumoral da musculatura pterigóidea ou por dor local. Exames de imagem (como a tomografia computadorizada ou a ressonância magnética) são importantes nesses casos, mas às vezes, só o exame sob narcose, no centro cirúrgico, vai esclarecer essa dúvida. Após meticuloso exame da cavidade oral, parte-se para o exame endoscópico do cavum e a videolaringoscopia, a fim de avaliar possível prolongamento do tumor para essas áreas ou diagnosticar a presença de um segundo tumor primário.

    Biópsia da lesão:

    Biópsia incisional que, dependendo da facilidade de acesso, pode ser feita por pinça de saca-bocado sob anestesia local. A punção aspirativa por agulha fina (PAAF) é indicada naquelas lesões infiltrativas subjacentes à área de mucosa normal.

    Extensão da doença - Sistema de estadiamento:

    São avaliações clínico-radiológicas baseadas na melhor determinação possível da extensão da lesão antes do tratamento. Essa avaliação clínica é baseada na inspeção da lesão e, quando possível, palpação da mesma, assim como por exame endoscópico indireto ou direto, quando necessário. A avaliação radiológica será complementar, mostrando comprometimento ósseo e/ou infiltração de partes moles. As áreas de drenagem devem ser examinadas por palpação cuidadosa. Quando indicado, faz-se o estudo radiológico panorâmico da mandíbula (avaliação de acometimento ósseo), Raios X simples (RX) de seios da face (lesões de palato duro) e, rotineiramente, RX de tórax (pesquisa de metástases à distância).

    Exames de exceção:

    A tomografia computadorizada e o exame de ressonância magnética são procedimentos de exceção, devendo ser usados para avaliação da extensão da lesão nos casos em que o exame clínico não seja suficiente, ou quando o tamanho do tumor ou o status dos linfonodos cervicais puserem em dúvida a operabilidade ou a extensão da cirurgia a ser proposta.

    Exames pré-operatórios:

    — Hemograma completo e coagulograma;
    — Eletrocardiograma;
    — Risco cirúrgico (apenas em pacientes com idade maior do que 40 anos ou com patologias prévias);
    — Proteínas totais (pacientes desnutridos);
    — Função hepática (bilirrubinas e transaminases) nos alcoólatras;
    — Dosagem sanguínea de eletrólitos (Na+ e K+) nos pacientes com dificuldade alimentar (desidratados) ou aqueles que fazem uso crônico de diuréticos.

    Suporte pré-operatório:

    Uma equipe multidisciplinar é fundamental no pré-operatório. Todos os pacientes são encaminhados para o Serviço de Odontologia, onde é feita a higienização oral, e para o Serviço de Nutrição, onde se avalia a necessidade de sonda nasoenteral para maior suporte calórico.

    A enfermagem fica responsável pela orientação, assim como pela troca do curativo no pós-operatório mediato, após alta hospitalar. A psicologia é de fundamental importância no manejo tanto pré como pós-operatório, tendo em vista que o câncer é acompanhado de transtornos psicológicos dos mais diversos e que as seqüelas das cirurgias muitas vezes implicam em perda do convívio social.

    Os alcoólatras ou aqueles pacientes que serão submetidos a grandes ressecções com reconstruções complexas também serão encaminhados aos Serviços de Psicologia e/ou Psiquiatria. A fisioterapia respiratória ambulatorial pré-operatória fica destinada aos pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica grave (DPOC).

    A importância do fonoaudiólogo está em tentar minimizar os defeitos de fala e deglutição provocados pelas alterações cirúrgicas, assim como na diminuição do tempo para decanulização traqueal, com o objetivo de facilitar a introdução dos pacientes em seu meio social. (Ministério da Saúde Brasil)




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