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    Certas moléculas são cruciais para os efeitos da luz na pele

    Não importa a parte do corpo humano exposta à luz – cabelos, pele ou olhos – nem se a fonte luminosa é natural ou artificial, as consequências biológicas das reações de oxidação induzidas pela luz dependem em grande parte das propriedades fotoquímicas intrínsecas e da localização de fotossensibilizadores presentes naturalmente em tecidos biológicos, chamados de fotossensibilizadores endógenos, que são moléculas que transformam a energia da luz em reatividade química.



    Na praia. Foto: Toa Heftiba/Unsplash


    Quando nos expomos ao Sol, são os fotossensibilizadores endógenos na nossa pele que provocam transformações tanto benéficas quanto prejudiciais.

    A pele é formada por três camadas: epiderme, derme e hipoderme. A luz atinge profundidades diferentes, dependendo do comprimento da radiação, das características das espécies absorventes presentes e das propriedades ópticas da pele.

    Raios ultravioleta B (UVB), que representam cerca de 5% da radiação UV que chega à Terra, penetram apenas nas camadas mais superficiais (epiderme), mal alcançando a derme. Já os raios ultravioleta A (UVA) e a luz visível atingem a camada celular basal e a derme e são absorvidos por fotossensibilizadores endógenos.

    A luz visível representa cerca de 47% da radiação solar total que atinge a pele humana e é a faixa espectral que forma os maiores níveis de radicais livres gerados sob exposição ao Sol, respondendo por 50% do total.

    Embora a radiação UVB seja considerada mais deletéria por ser absorvida diretamente pelo DNA, os pesquisadores afirmam que a fotossensibilização permite que a luz visível e a radiação UVA produzam grandes efeitos na pele. As oxidações fotossensibilizadas são reações provocadas pela interação da luz com uma molécula fotossensibilizadora na presença de oxigênio.

    Os efeitos da radiação dependem não somente das propriedades fotoquímicas intrínsecas dos fotossensibilizadores, mas também de sua localização.

    A radiação UVA causa tanto dano direto quanto reações que podem comprometer a viabilidade de células localizadas muito mais profundamente na pele e nos olhos. Isso pode ocorrer por vários mecanismos, levando à disfunção celular, inflamação e risco potencialmente aumentado de distúrbios cutâneos e oculares.

    A luz visível, principalmente no intervalo do violeta ao azul, também atinge os fotossensibilizadores endógenos na derme e até tecidos e órgãos mais profundos do corpo, podendo gerar danos ao DNA.

    A ativação da vitamina D depende de reações intracelulares iniciadas pela absorção de fótons UVB pelo 7-desidrocolesterol, um precursor do colesterol. Este processo tem uma infinidade de consequências biológicas benéficas, incluindo a regulação do cálcio e do metabolismo ósseo, a inibição da proliferação de células tumorais e a prevenção de doenças autoimunes e cardiovasculares.

    Além disso, principalmente a radiação UVB e UVA, mas também a luz azul com menor eficiência, podem promover a liberação de óxido nítrico, contribuindo para a redução da pressão arterial sistêmica por meio da vasodilatação; o controle de danos a células de defesa; e a estimulação da cicatrização de feridas.

    O hábito de ficar em ambientes fechados e de evitar a exposição ao Sol resultaram em uma epidemia de deficiência de vitamina D, cujo impacto financeiro seis vezes mais do que o gasto com doenças relacionadas à superexposição ao Sol.

    As estimativas do tempo ideal de exposição ao Sol variam, pois dependem da latitude, da estação do ano e das características individuais da pele. No entanto, é fácil saber quando a dose é excessiva: a pele fica vermelha.

    Essa reação surge principalmente como uma resposta fisiológica à absorção da radiação UVB por bases do DNA nas células da pele, produzindo moléculas que ativam uma resposta inflamatória aguda. Essas moléculas, os fotoprodutos, também geram mutações que, dependendo das proteínas afetadas, aumentam o risco do desenvolvimento de câncer de pele.

    O uso de protetor solar evita a vermelhidão, mas não as consequências de ser superexposto à radiação UVA e à luz visível. Além disso, o protetor bloqueia os efeitos benéficos da exposição aos raios UVB.

    Aliás, o famoso FPS – fator de proteção solar – não é um parâmetro preciso, pois a medição é realizada em voluntários de pele clara e utiliza apenas fontes de irradiação UVB.

    Consequentemente, o FPS considera apenas a proteção contra as respostas agudas da pele, ignorando todas as outras consequências positivas e negativas da exposição ao Sol. (Maria Celia Wider/Jornal da USP)

    29 DE AGOSTO DE 2023



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