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    Cromoblastomicose

    A cromoblastomicose é uma micose subcutânea crônica, de distribuição cosmopolita, que surge quando fungos pigmentados ou melanizados, principalmente do gênero Fonsecaea, entram no organismo humano por meio de um trauma ou ferida na pele.



    Cromoblastomicose. Foto: NIH


    Causas: Os indivíduos geralmente adquirem a infecção pela implantação do fungo na pele por meio de um trauma decorrente de acidentes com espinhos, palha ou lascas de madeira ou contato com vegetação em decomposição. A cromoblastomicose é causada por fungos filamentosos produtores de melanina, com predominância da infecção pela espécie Fonsecaea pedrosoi. Estes fungos podem apresentar duas formas no seu ciclo de vida: micelial (de filamentos) e levedura (parasitária). Na forma micelial, o fungo está presente na natureza, como solo rico em material orgânico, árvores e plantas em decomposição. A forma de levedura é a que pode parasitar o homem.

    Transmissão: A transmissão ocorre por meio da contaminação de ferimentos já abertos ou pela inoculação (entrada) do fungo na pele a partir de um trauma com espinhos, farpas de madeira, entre outros, alcançando o tecido cutâneo e subcutâneo. Há relatos de rara transmissão da doença por meio da inalação de esporos e disseminação hematogênica. Sua ocorrência é predominante na região amazônica, relacionada a atividades laborais. Como o fungo está disperso na natureza, trabalhadores rurais é o principal grupo de risco, visto à sua exposição no meio ambiente.

    Sintomas

    A cromoblastomicose se inicia com uma lesão primária no local da inoculação (entrada do fungo). Essa micose é caracterizada pelo desenvolvimento lento de lesões polimórficas como: nódulos, verrugas, tumores, placas e cicatrizes. Há envolvimento crônico de tecidos cutâneos e subcutâneos associados a formação de tecido fibrótico granulomatoso, purulento e baixa resposta imune protetora.

    Geralmente essas lesões são extremamente recalcitrantes (difíceis de eliminar) e podem sofrer transformação neoplásica, ou seja, evoluir para um câncer de pele. As formas clínicas da doença vão depender de fatores, como o estado imunológico do indivíduo e a profundidade da lesão. Membros inferiores são locais frequentemente acometidos pelo fungo, seguidos de membros superiores, região glútea, tronco e face. Entretanto, as lesões foram observadas em outras partes do corpo, como na axila e córnea.

    Tratamento

    As lesões constituem um desafio terapêutico para médicos e pacientes. Por isso, o tratamento dever ser realizado após a avaliação clínica, com orientação e acompanhamento médico. Pacientes não diagnosticados no estágio inicial da doença podem necessitar de terapia a longo prazo com antifúngicos sistêmicos, associados ou não a métodos físicos, como criocirurgia com nitrogênio líquido ou terapia de calor.

    Os antifúngicos utilizados para o tratamento da cromoblastomicose são o Itraconazol (associado ou não à 5-flucitosina), Posaconazol, Terbinafina. As formulações lipídicas (Anfotericina B) também são antifúngicos de escolha para as formas graves, disseminadas.

    Prevenção

    A principal medida de prevenção e controle a ser tomada é evitar a exposição direta ao fungo. É importante usar equipamentos de proteção individual-EPI (luvas e roupas de mangas longas e uso de calçados ou botas) em atividades que envolvam o manuseio de material proveniente do solo e plantas, ou demais atividades agrícolas.

    Os indivíduos com lesões suspeitas de cromoblastomicose devem procurar atendimento médico, preferencialmente um dermatologista ou infectologista, para investigação, diagnóstico e tratamento.

    Situação epidemiológica

    A cromoblastomicose é considerada uma doença negligenciada, de ocorrência nos países tropicais e subtropicais, especialmente nas Américas do Sul e Central. No Brasil, a maioria dos casos da cromoblastomicose se concentra na região amazônica, apesar de os primeiros relatos na literatura terem ocorrido no século XX, na região Sudeste, como os estados de São Paulo e Minas Gerais. A doença acomete mais homens que trabalham na zona rural em contato com o solo, plantas, farpas e espinhos contaminados pelo fungo.

    As lesões da cromoblastomicose no indivíduo se disseminam lentamente, raramente a doença é fatal. Geralmente, apresenta um bom prognóstico, mas pode ser de difícil cura. O efeito estético da doença é um estigma social relevante, podendo afetar as relações sociais do paciente. As micoses sistêmicas não integram a lista nacional de doenças de notificação compulsória no Brasil. Elas também não são objeto de vigilância epidemiológica, de rotina, com exceção de estados brasileiros que instituíram essa notificação de iniciativa do seu âmbito de gestão.

    Por isso, não existem dados epidemiológicos da ocorrência, magnitude e transcendência da cromoblastomicose em nível nacional. (Ministério da Saúde Brasil)




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