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    Extrato de planta nativa é alternativa para controle de doença em abobrinhas

    Uma pesquisa desenvolvida pelo doutorando do Instituto de Biociências (IB) da USP Elielson Silveira, em parceria com o Instituto Biológico de São Paulo, mostrou que o extrato da Seguieria langsdorffii, árvore nativa, tem ação antiviral contra o zucchini yellow mosaic virus (ZYMV), o “vírus do mosaico amarelo da abobrinha”. O extrato da planta serviu como meio de controle da doença que é comum em plantações de Cucurbita pepo, a abobrinha de moita, conhecida popularmente como abobrinha italiana, largamente usada na alimentação no Brasil e outros países.



    Uma planta de abobrinha infectada apresenta sinais da contaminação por ZYMV, como clareamento das nervuras e deformação da dobra. Foto: pesquisador


    O ZYMV é um vírus é transmitido por pulgões e causa clareamento das nervuras – as “linhas” presentes nas folhas –, bem como a deformação da borda das folhas.

    Ele representa grande ameaça para as abobrinhas, mas pode afetar outras plantas da mesma família, como as de melancia e do pepino.

    Ainda assim, seus maiores efeitos são na abobrinha, uma vez que o vírus impede que o fruto se desenvolva adequadamente, apresentando manchas, bolhas e redução ou distorção do tamanho, o que inviabiliza a comercialização.

    Silveira encontrou uma solução na Seguieria langsdorfii – conhecida popularmente como limoeiro-do-mato.

    A ordem à qual ela pertence – Caryophyllales – já é aplicada por conter proteínas de ação antiviral, como é o caso das árvores das espécies brasileiras primavera (Bougainvillea spectabilis) e maravilha (Mirabilis jalapa), utilizadas para controle de vírus em culturas de tomates.

    Além disso, o uso de plantas nativas mostra a importância da valorização da biodiversidade brasileira.

    Produzido por meio de uma mistura de água e folhas da Seguieria langsdorfii, o extrato induz resistência ao vírus por ser rico em proteínas antivirais.

    “Dá para fazer uma analogia, como se ele [o extrato] fosse uma vacina, que desperta algum mecanismo na abobrinha que faz com que ela consiga combater [o ZYMV], ou pelo menos reduzir os sintomas virais”, explica Silveira. O extrato é aplicado por pulverização e os resultados mostraram até 90% de inibição à infecção na planta.

    Atualmente, a medida que o produtor pode tomar para tentar evitar uma contaminação por ZYMV é utilizar variedades resistentes ou tolerantes ao vírus, o que não se mostrou totalmente efetivo.

    “A gente viu que, quando inoculamos o vírus [na variedade resistente], em certo momento, ela é infectada. Pode ser que demore mais do que as que são suscetíveis, mas ela não é totalmente intolerante”, diz Silveira.

    “Os vírus são patógenos muito cruéis com as plantas, porque não existe um ‘viricida’. Em uma cultura infectada por vírus, a única forma de combater é tirar aquela cultura dali”, explica Silveira. Ele ressalta que há poucos estudos feitos sobre a interação vírus e plantas.

    O doutorado de Silveira ainda está em andamento. Seu objetivo é seguir avaliando os efeitos do extrato a partir do organismo das abobrinhas, entendendo como ele induz à resistência, os mecanismos envolvidos e quais proteínas fazem parte desse processo.

    O trabalho conta com a colaboração dos pesquisadores Lígia Maria Lembo Duarte, Maria Amélia Vaz Alexandre e Alexandre Levi Rodrigues Chaves, que desenvolvem estudos sobre propriedades antivirais em plantas no Instituto Biológico de São Paulo, e do professor Tiago Santana Balbuena, da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Jaboticabal, onde as análises das proteínas são realizadas. (Gabriele Mello/Jornal da USP)

    24 DE NOVEMBRO DE 2024



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