Saúde / Problemas de saúde |
Febre do Nilo Ocidental
A Febre do Nilo Ocidental (FNO) é uma infecção viral causada por um arbovírus (mosquito), assim como Dengue, Zika, Chikungunya e a Febre do Mayaro. Os fatores de risco estão relacionados à presença do ser humano em áreas rurais e silvestres que contenham o mosquito infectado e que, por ventura, venha a picar estes seres humanos.
A doença pode ser assintomática ou apresentar sintomas distintos, de acordo com cada pessoa e com o nível de gravidade da doença. No caso desta infecção, a causa é o vírus do gênero Flavivirus, família Flaviviridae, assim como os vírus da Dengue e da Febre Amarela.
Importante: As formas graves da Febre do Nilo Ocidental atingem com maior frequência as pessoas idosas.
Transmissão
O vírus da Febre do Nilo Ocidental é transmitido por meio da picada de mosquitos infectados, principalmente do gênero Culex (pernilongo). Os hospedeiros naturais são algumas espécies de aves silvestres, que atuam como amplificadoras do vírus e como fonte de infecção para os mosquitos.
Também pode infectar humanos, equinos, primatas e outros mamíferos. O homem e os equídeos são considerados hospedeiros acidentais e terminais, uma vez que a contaminação do vírus se dá por curto período de tempo e em níveis insuficientes para infectar mosquitos, encerrando o ciclo de transmissão.
Outras formas mais raras de transmissão já foram relatadas e incluem transfusão sanguínea, transplante de órgãos, aleitamento materno e transmissão transplacentária.
Importante: A transmissão por contato direto já foi demonstrada em laboratório para algumas espécies de aves, no entanto não há transmissão de pessoa para pessoa.
Tratamento
Não existe vacina ou tratamento antiviral específico para a Febre do Nilo Ocidental. O tratamento é sintomático para redução da febre e outros sintomas.
Para casos leves, analgésicos podem ajudar a aliviar dores de cabeça leves e dores musculares. Não consuma nenhum tipo de medicamento sem a devida orientação médica.
Os casos mais graves, frequentemente, necessitam de hospitalização para tratamento de suporte, com reposição intravenosa de fluidos, suporte respiratório e prevenção de infecções secundárias.
Há também tratamentos específicos para pacientes com quadros de encefalites ou menigoencefelite em sua forma severa.
Importante: Tenha cuidado ao administrar aspirina, pois os componentes podem provocar hemorragia e agravar o quadro de saúde da pessoa.
Sintomas
Estima-se que 20% dos indivíduos infectados pelo vírus da Febre do Nilo Ocidental desenvolvam sintomas, na maioria das vezes leves e até mesmo nem apresentem qualquer sintoma. A forma leve da doença caracteriza-se pelos seguintes sinais:
— febre aguda de início abrupto, frequentemente acompanhada de mal-estar;
— anorexia;
— náusea;
— vômito;
— dor nos olhos;
— dor de cabeça;
— dor muscular;
— exantema máculo-papular e linfoadenopatia.
O período de incubação intrínseca - tempo entre a infecção do hospedeiro e a manifestação de sinais e sintomas - nos humanos varia de 3 a 14 dias após a picada do mosquito e pode apresentar manifestação subclínica ou com sintomatologia de distintos graus de gravidade, variando desde febre passageira - acompanhada ou não de mialgia (dor muscular) - até sinais e sintomas de acometimento do sistema nervoso central com encefalite ou meningoencefalite grave.
Um em cada 150 indivíduos infectados desenvolve doença neurológica severa (meningite, encefalite ou poliomielite). A encefalite é o quadro mais comum entre as manifestações cerebrais. Em menos de 1% das pessoas infectadas, o vírus causa uma infecção neurológica grave, incluindo inflamação do cérebro (encefalite) e das membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal (meningite). A Síndrome de Guillain Barré também pode se apresentar, assim como em outros tipos de infecção.
As formas mais graves ocorrem com maior frequência em indivíduos com idade superior a 50. Se não tratada corretamente, em casos raríssimos a Febre do Nilo Ocidental pode matar.
Importante: Após a infecção, a pessoa pode desenvolver imunidade duradoura contra o vírus causador da Febre do Nilo Ocidental.
Diagnóstico
O teste diagnóstico mais eficiente para a Febre do Nilo Ocidental é a detecção de anticorpos IgM contra o vírus do Nilo Ocidental em soro (coletado a partir do 5º dia após o início dos sintomas) ou em líquido cefalorraquidiano (LCR; coletado após o 8º dia a partir do início dos sintomas), utilizando a técnica de captura de anticorpos IgM (ELISA).
Pacientes recentemente vacinados (contra febre amarela, por exemplo) ou infectados com outro flavivírus (ex: Febre Amarela, Dengue, Zika, Saint Louis, Rocio, Ilhéus) podem apresentar resultado de IgM-ELISA positivo (reação cruzada). Outras provas, como a inibição da hemaglutinação, detecção do genoma viral (PCR), isolamento viral e PRNT também podem ser utilizadas.
Entre os casos graves dos recentes surtos, observou-se que:
— A contagem de leucócitos apresenta-se geralmente normal ou elevada, também ocorrendo linfocitopenia e anemia.
— O exame do LCR mostra pleocitose linfocítica com proteínas elevadas e glicose normal.
— A tomografia computadorizada do cérebro apresenta-se geralmente normal.
— A imagem por ressonância magnética pode apresentar aumento das leptomeninges e/ou da área periventricular e alteração do sinal do parênquima.
Diagnóstico Diferencial:
O diagnóstico diferencial da Febre do Nilo Ocidental inclui diversas arboviroses (neuroinavasivas e não neuroinvasivas) e outras doenças virais febris agudas (como dengue, leptospirose, febre maculosa, e outras) ou com acometimento do sistema nervoso central. Assim, a abordagem sindrômica é a mais indicada para a vigilância da FNO, a partir da identificação de pacientes com quadros neurológicos de etiologia viral (encefalite, meningite, meningoencefalite, paralisia flácida aguda) sem causa conhecida.
Prevenção
Não existem formas efetivas de se prevenir a Febre do Nilo Ocidental, exceto evitar a presença de insetos nas áreas onde vivem os seres humanos. As medidas abaixo ajudam a reduzir os riscos:
— Evite água parada e locais sem saneamento básico.
— Quem vive ou trabalha em área onde há mosquitos infectados está em risco de infecção pelo vírus do Nilo Ocidental (VNO). Portanto, todos os trabalhadores devem ter o cuidado de reduzir o seu potencial de exposição à infecção.
— Trabalhadores em risco são aqueles que trabalham ao ar livre, que incluem: médicos veterinários, agrônomos, zootecnistas, biólogos, agricultores, paisagistas, jardineiros, trabalhadores da construção civil, entomologistas e outros trabalhadores de campo.
— Coloque tela nas janelas e portas.
— Não despeje lixo em valas, valetas, margens de córregos, rios e riachos.
— Use inseticidas e larvicidas.
— Use repelentes.
— Evite manusear animais mortos quando possível.
— Evite o contato direto. Se você deve lidar com animais mortos, usar luvas duplas de procedimento, que fornecem uma barreira protetora entre sua pele e sangue ou outros fluidos corporais.
Importante: Os mosquitos podem se desenvolver em qualquer poça de água ou água que fica por mais de quatro dias. Trabalhadores em locais perto de poças, lagos, bebedouros, valas de irrigação, barris que armazenem água de chuva, lagoas de estrume, ou quaisquer outros locais com água estagnada estão em risco de exposição ao mosquito. Equipamentos como pneus, lonas, baldes, barris e carrinhos de mão podem favorecer a proliferação dos mosquitos.
Complicações
A Febre do Nilo Ocidental, raramente, pode evoluir para complicações no quadro de saúde das pessoas. As formas graves geralmente se apresentam em pessoas idosas ou com sistema imunológico comprometido. As complicações também podem aparecer quando a doença não é tratada corretamente.
Entre as complicações possíveis, estão apresentações neurológicas graves, como, por exemplo:
— Ataxia e sinais extrapiramidais.
— Anormalidades dos nervos cranianos.
— Mielite (inflamação da medula espinhal).
— Neurite óptica.
— Polirradiculite
— Convulsão.
Gravidez
Segundo o Centro de controle e prevenção de doenças dos Estados Unidos (CDC/USA), mulheres grávidas não apresentam maior risco para infecção por vírus do Nilo Ocidental.
Com relação às grávidas já infectadas pelo vírus, as evidências apontam para um baixo risco de infecção para o feto ou recém nascido, com poucos casos sendo reportados.
Mulheres grávidas em área de transmissão devem se prevenir evitando picadas de mosquitos, por meio do uso de roupa comprida e repelente de insetos.
Parecem ser raros os casos de transmissão do vírus da Febre do Nilo Ocidental para o bebê por meio da amamentação, porém esse tema ainda precisa ser melhor estudado.
Viajantes
Orienta-se aos viajantes que se deslocam para fora do Brasil buscar informações quanto ao país de destino no sentido de avaliar se o mesmo é área de ocorrência da Febre do Nilo Ocidental, verificando ainda se o período programado da viagem corresponde àquele de transmissão mais frequente da doença. Uma vez identificado como área de transmissão, recomenda-se adotar as estratégias de proteção individual:
— Evitar locais onde se encontram os mosquitos transmissores em abundância.
— Caso a pessoa não tenha opção, tentar se prevenir ao máximo para evitar a transmissão através da picada do mosquito vetor.
— Evitar acúmulo de lixo, água parada e matéria orgânica, pois são fontes de proliferação de mosquitos.
— Evitar sair às ruas e em ambiente de área silvestre no momento de maior atividade dos mosquitos (entardecer e amanhecer).
— O uso de repelentes e roupas de mangas e pernas cumpridas pode ajudar a evitar ou reduzir o contato com mosquitos.
Caso um viajante que tenha frequentado áreas com ocorrência de casos de Febre do Nilo Ocidental apresente, em até 15 dias após a viagem, sinais e sintomas compatíveis com a doença, deve procurar imediatamente atendimento médico e relatar o histórico de deslocamento e o tempo entre a data de possível exposição e a data de início dos sintomas. (Ministério da Saúde Brasil)