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    Febre Tifoide

    A Febre Tifoide é uma doença bacteriana aguda, causada pela Salmonella enterica sorotipo Typhi, de distribuição mundial.



    Febre Tifoide. Foto: NIH


    A doença está diretamente associada a baixos níveis socioeconômicos, principalmente em regiões com precárias condições de saneamento básico, higiene pessoal e ambiental. Se não tratada adequadamente, a Febre Tifoide pode matar. Nesse contexto, a Febre Tifoide está praticamente eliminada de países onde esses problemas foram superados.

    A infecção recorrente por Salmonella é uma das condições clínicas marcadoras da AIDS/HIV. Em regiões onde a bactéria causadora da Febre Tifoide é endêmica, a incidência da doença pode ser de 25 a 60 vezes maior entre indivíduos HIV positivos que em soronegativos. Os indivíduos HIV positivos assintomáticos podem apresentar doença semelhante ao imunocompetente e boa resposta ao tratamento usual. Doentes com aids (doença definida) podem apresentar Febre Tifoide particularmente grave e com tendência a recaídas.

    Importante: A Febre Tifoide não apresenta sazonalidade ou outras alterações cíclicas, assim como distribuição geográfica, que tenham importância prática. A sua ocorrência está diretamente relacionada às condições de saneamento básico existentes e aos hábitos individuais. Em áreas endêmicas, acomete com maior frequência indivíduos de 15 a 45 anos e a taxa de ataque diminui com a idade.

    Sintomas

    Os principais sintomas da Febre Tifoide são:

    — febre alta;
    — dores de cabeça;
    — mal-estar geral;
    — falta de apetite;
    — retardamento do ritmo cardíaco;
    — aumento do volume do baço;
    — manchas rosadas no tronco;
    — prisão de ventre ou diarreia;
    — tosse seca.

    Assim que surgir qualquer sintoma, procure um médico imediatamente para iniciar o tratamento.

    COMPLICAÇÕES

    A hemorragia intestinal, principal complicação da Febre Tifoide, pode levar, inclusive à perfuração intestinal, o que requer maior cuidado médico.

    Qualquer órgão pode ser afetado pela Febre Tifoide, quando a doença evolui com bacteremia e outras complicações menos frequentes são:

    — retenção urinária;
    — pneumonia;
    — colecistite.

    Nas crianças, a doença costuma ser menos grave do que nos adultos, sendo acompanhada frequentemente de diarreia. Embora seja uma doença aguda, a febre tifoide evolui gradualmente e a pessoa afetada, muitas vezes, é medicada com antimicrobianos, simplesmente por estar apresentando uma febre de etiologia não conhecida. Dessa forma, o quadro clínico fica mascarado e a doença deixa de ser diagnosticada precocemente.

    Diagnóstico

    O diagnóstico da Febre Tifoide é feito com base na avaliação clínica do paciente, histórico de onde esteve e o que consumiu, nos hábitos de higiene e se vive em regiões com pouco saneamento básico ou não. Com base nos sintomas tradicionais, que podem se confundir com os de outras doenças, como infecções por Salmonellaentérica sorotipo Paratyphi ou doenças que apresentam febre prolongada (pneumonias, tuberculose, meningite, doença de chagas, malária, toxoplasmose, esquistossomose, entre outras), o médico pode solicitar exames específicos para diagnosticar a doença, como, por exemplo:

    — Exame de sangue
    — Exame de fezes
    — Exames de urina
    — Aspirado / Punção Medular (técnica mais eficaz)

    Transmissão

    A transmissão da Febre Tifoide pode ocorrer de duas maneiras principais:

    — pela forma direta: contato com as mãos do doente ou portador;
    — pela forma indireta: ingestão de água ou de alimentos contaminados com fezes ou urina.

    A contaminação de alimentos geralmente acontece pela manipulação por portadores ou pacientes oligossintomáticos (com manifestações clínicas discretas), que não são afastados das atividades de preparo dos alimentos. Legumes irrigados com água contaminada, frutos do mar (crustáceos e moluscos) retirados de água poluída e consumidos mal cozidos ou crus, leite e derivados não pasteurizados, produtos congelados e enlatados também podem veicular salmonelas.

    O indivíduo infectado elimina a bactéria nas fezes e na urina, independentemente de apresentar os sintomas da doença. O tempo de eliminação da bactéria varia de uma a três semanas, podendo chegar a três meses. Entre 2 a 5% dos pacientes transformam-se em portadores crônicos da Febre Tifoide e podem transmitir a doença por até um ano.

    Tratamento

    Assim que tiver o diagnóstico da Febre Tifoide, o tratamento deve ser iniciado o mais rapidamente possível, de acordo com as prescrições e orientações médicas, que seguirão conforme cada caso.

    No entanto, normalmente o paciente é tratado em nível ambulatorial, basicamente com uso de antibióticos específicos e reidratação. Em raras exceções, o caso pode ser mais grave e ser necessária uma internação.

    O tratamento dura, via de regra, em torno de 14 dias, mas o período pode ser maior ou menor, conforme a gravidade da doença. Além disso, é possível que com o uso dos antibióticos, que são bastante fortes, a pessoa apresente sintomas de intolerância gastrointestinal.

    O repouso e a hidratação constante são fundamentais e essenciais para a boa recuperação da Febre Tifoide. É importante que as pessoas em tratamento lavem bem as mãos com água e sabão depois de usar o banheiro e evitem preparar ou servir alimentos para outras pessoas, a fim de diminuir a chance de transmitir a infecção para outras pessoas. Pacientes com litíase biliar ou anomalias biliares, que não respondem ao tratamento com antibióticos, devem ser colecistectomizados.

    Importante: Somente um médico pode dizer qual o medicamento mais indicado para cada caso, bem como a dosagem correta e a duração do tratamento. Siga sempre à risca as orientações do seu médico e nunca se automedique.

    Prevenção

    O saneamento básico, o preparo adequado dos alimentos e a higiene pessoal são as principais medidas de prevenção da Febre Tifoide. A vacina atualmente disponível não possui um alto poder imunogênico e a imunidade é de curta duração, sendo indicada apenas em situações específicas, como para recrutas em missão em países endêmicos ou pessoas sujeitas a exposições excepcionais, como trabalhadores que entram em contato com esgotos, ou pessoas que vivem em áreas de alta endemicidade

    O Regulamento Sanitário Internacional da Organização Mundial da Saúde não recomenda a vacinação contra a febre tifoide para viajantes internacionais que se deslocam para países onde estejam ocorrendo casos da doença. Em se tratando de alimentos, observar os seguintes aspectos:

    — Consuma água tratada.
    — Selecione alimentos frescos com boa aparência e, antes do consumo, esses alimentos devem ser lavados e desinfetados.
    — Para desinfecção, os alimentos crus como frutas, legumes e verduras devem ser mergulhados durante 30 minutos em uma solução preparada com 1 colher de sopa de hipoclorito de sódio a 2,5% para cada litro de água tratada.
    — Consuma leite e derivados pasteurizados.
    — Não utilize alimentos depois da data de vencimento.
    — Lave as mãos regularmente antes, durante e após a preparação dos alimentos, ao manusear objetos sujos, depois de tocar em animais, depois de ir ao banheiro, após a troca de fraldas e antes da amamentação.
    — Lave e desinfete todas as superfícies, utensílios e equipamentos usados na preparação de alimentos.
    — Proteja os alimentos e as áreas da cozinha contra insetos, animais de estimação e outros animais (guarde os alimentos em recipientes fechados).
    — Proceda à limpeza e desinfecção periódica das caixas de água de instituições públicas (escolas, creches, hospitais, centros de saúde, asilos, presídios, etc.), a cada 6 meses, ou com intervalo menor, se necessário.
    — Proceda à limpeza e desinfecção das caixas de água domiciliares, a cada 6 meses, ou com intervalo menor, se necessário.
    — Em locais onde a água for considerada imprópria, deve-se:
    Filtrar e ferver (por 5 minutos) a água (e aguardar 30 minutos antes de consumir); ou
    Filtrar e desinfetar a água com o uso do hipoclorito de sódio a 2,5% (2 gotas para cada 1 litro de água).

    Viajantes

    — Orientar viajantes a consumir água e gelo apenas de procedência conhecida.
    — Caso tenham dúvidas, clorar a água com hipoclorito de sódio 2,5% (duas gotas de hipoclorito para cada litro de água);
    — Escolher alimentos seguros, verificando prazo de validade, acondicionamento e suas condições físicas (aparência, consistência, cheiro, dentre outros);
    — Evitar rios e lagos.
    — Evitar o consumo de alimentos crus, mal cozidos/assados (hortaliças, ovos, carnes, dentre outros); evitar o contato entre alimentos crus e cozidos;
    — Evitar comer alimentos prontos para o consumo deixados à temperatura ambiente por várias horas;
    — Reaquecer bem os alimentos que tenham sido congelados ou refrigerados antes de consumí-los;
    — Manter os alimentos fora do alcance de insetos, roedores e outros animais;
    — Evitar o consumo de alimentos vendidos por ambulantes oude procedência duvidosa e observar as informações contidas nos rótulos dos alimentos;
    — Lavar as mãos com frequência e, em situações de risco, utilizar água mineral para ingestão e higiene oral;
    — Não tomar banho/nadar em rios, lagos, piscinas com água contaminada;
    — Evitar praias poluídas.
    — Armazenar adequadamente os alimentos cozidos que serão consumidos mais tarde. (Ministério da Saúde Brasil)




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