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Hidatidose humana
A hidatidose (equinococose) é uma doença parasitária que se apresenta de duas maneiras no Brasil: a hidatidose cística, causada pelo Echinococcus granulosus sensu lato; e a hidatidose neotropical, causada pelos Echinococcus vogeli e Echinococcus oligarthra, respectivamente.
A hidatidose tem o ciclo de vida em cães domésticos e/ou animais silvestres que abrigam os vermes adultos no intestino e evacuam os ovos do helminto nas fezes. Se os ovos são ingeridos por humanos, eles se desenvolvem em formas larvais em vários órgãos, principalmente no fígado e nos pulmões.
Ambas as hidatidoses (cística e neotropical) são caracterizadas por períodos de incubação assintomáticos que podem durar muitos anos até que as formas larvais do helminto evoluam e desencadeiem sintomas e sinais clínicos.
Transmissão
Diversos animais herbívoros e onívoros atuam como hospedeiros intermediários do Echinococcus, ao ingerirem ovos deste helminto em solo contaminado e desenvolverem fases larvais em suas vísceras.
Carnívoros são hospedeiros definitivos do parasita, e podem ser infectados por meio do consumo de vísceras de hospedeiros intermediários que abrigam as formas larvais do helminto e também por meio do consumo de carcaças infectadas.
Os seres humanos são hospedeiros intermediários acidentais e são incapazes de transmitir o agente causador da doença.
A transmissão do agente causador da hidatidose cística ocorre principalmente no ciclo cão-ovino-cão, embora vários outros animais domésticos possam estar envolvidos, incluindo caprinos, suínos, equinos e bovinos, entre outros. A transmissão da hidatidose neotropical geralmente ocorre em um ciclo de vida silvestre entre canídeos e felídeos-roedores-canídeos e felídeos. Dentre os roedores, as pacas e cutias são os mais frequentes.
Para ambas as formas da doença, os seres humanos são infectados pela ingestão de água ou alimentos contaminados com ovos do helminto presentes nas fezes ou na pelagem dos carnívoros, mais comumente o cão doméstico, e podem causar grave morbidade e morte.
Sintomas
Após a ingestão dos ovos de Echinococcus sp. pelo ser humano, esses eclodem no trato digestivo e as larvas migram via corrente sanguínea para diversos órgãos onde se desenvolvem e se transformam em cistos.
Na maioria dos casos de infecção humana, o desenvolvimento do cisto hidático é assintomático, vindo a se tornar um problema quando o órgão acometido já está muito comprometido. Alguns indivíduos podem ser portadores do cisto durante toda a vida sem necessitar de assistência médica, porém outros desenvolvem alterações graves.
Nos casos assintomáticos, a detecção do cisto hidático pode ser resultante de um achado ocasional em exame médico de rotina, exame investigativo para outra patologia ou ainda um inquérito radiológico. Em casos que haja a ruptura do cisto, podem ocorrer complicações como choque anafilático e edemas pulmonares.
Nos casos sintomáticos, as manifestações clínicas são relacionadas com o estado físico do cisto, assim como sua localização e tamanho:
• Localização abdominal: dor, fístulas, massas palpáveis, icterícia, hepatomegalia ou esplenomegalia (o fígado é preferencialmente atingido);
• Localização pulmonar: tosse, dor torácica, hemoptise (tosse com sangue) ou dispneia (dificuldade respiratória);
• Localização óssea: destruição de trabéculas, necrose e fratura espontânea.
À medida que o(s) cisto(s) cresce(m) nos tecidos, poderão causar destruição tecidual ou compressão de órgãos. A diferença de maior importância entre a hidatidose cística e a neotropical está no crescimento mais acelerado e agressivo do cisto, além da formação de múltiplos cistos, no caso da hidatidose neotropical.
Diagnóstico
A hidatidose é diagnosticada baseada em aspectos clínicos e epidemiológicos, além do uso de ferramentas de imagem, como ultrassonografia, tomografia computadorizada, raio-X ou ressonância magnética e técnicas sorológicas.
Os testes confirmatórios utilizados dependem da identificação do agente em material biológico tais como vômica, cistos e peças cirúrgicas, para a realização de testes parasitológicos e biologia molecular.
Apesar de ser uma doença benigna na fase inicial, pode evoluir de forma agressiva em boa parte dos casos, podendo evoluir a complicações fatais. Deste modo, o tratamento ideal é a retirada completa do parasito (cisto) do organismo. Essa remoção é realizada por cirurgia quando o cisto se encontra numa localização favorável.
Tratamento
Para a hidatidose cística, o tratamento por meio de compostos benzimidazólicos (mebendazol e albendazol) têm sido administrados para pacientes com cistos que não podem se submeter à cirurgia (devido à localização e tamanho do cisto) ou a punção do mesmo com esvaziamento e injeção de substâncias escolicidas (PAIR – Puncture, Aspiration, Injection, Reaspiration).
Para a hidatidose neotropical, o tratamento de escolha também é a remoção cirúrgica. Em casos irressecáveis, o tratamento com albendazol é o utilizado e, naqueles que cursam com hipertensão porta e falência hepática, o transplante hepático pode ser indicado.
Prevenção
Prevenção - Hidatidose cística
Ações necessárias:
• Impedir que os cães se alimentem de vísceras cruas de animais de produção (principalmente de ovinos e bovinos), para que esgote a fonte de ovos do parasito;
• Desenvolvimento de programa adequado de esclarecimento e educação sanitária;
• Controle do abate clandestino de animais de produção;
• Melhoria das condições dos matadouros (impedir acesso de cães aos locais de abate e destruição das vísceras);
• Controle sanitário dos animais abatidos, acompanhamento de seu estado epidemiológico, para identificação das áreas-problema e para apoio ao planejamento e avaliação das medidas de controle;
• Diagnóstico e tratamento com anti-helmíntico de cães em áreas endêmicas, mediante orientação do médico veterinário;
• Higienização pessoal, lavagem das mãos, em especial antes de manipular alimentos;
• Em áreas com ocorrência da doença, evitar o contato das crianças com as fezes desses animais
• Restringir o acesso dos cães às hortas e às plantações.
Prevenção - Hidatidose neotropical
Da mesma forma que para hidatidose cística, o elo mais frágil da cadeia epidemiológica também é constituído pela infecção dos cães a partir das vísceras contaminadas. Bastaria, portanto, evitar que os cães se alimentem de vísceras cruas de animais silvestres.
Ações necessárias:
• Desenvolvimento de programa adequado de esclarecimento e educação sanitária;
• Higienização pessoal, como a lavagem das mãos, em especial antes de manipular alimentos;
• Não fornecer para alimentação dos cães as vísceras cruas de animais;
• Diagnóstico e tratamento com anti-helmíntico de cães em áreas endêmicas, mediante orientação do médico veterinário;
• Evitar o contato das crianças com as fezes de cães.
• Restringir o acesso de cães às hortas e às plantações. (Ministério da Saúde Brasil)