Um Mundo de Conhecimento
    Saúde

    Cientistas da UC estão a estudar potenciais impactos da dieta pré-natal em doenças do neurodesenvolvimento

    A partir do estudo das necessidades nutricionais de mulheres grávidas, uma equipa da Universidade de Coimbra (UC) está a conduzir um projeto de investigação, o “Tryp-to-Brain”, para entender os potenciais impactos da dieta pré-natal no Transtorno do Espectro Autista (TEA), procurando, assim, produzir novo conhecimento para futuras abordagens preventivas a esta condição de saúde.



    Universidade de Coimbra. Foto: Ray Swi-hymn/Wikimedia commons


    Em concreto, a investigação da Universidade de Coimbra pretende «perceber como é que a disponibilização de triptofano durante a gravidez pode influenciar o aparecimento ou a severidade de sintomas de Transtorno do Espectro Autista, o que irá permitir uma melhor compreensão das relações entre dieta materna, flora intestinal e desenvolvimento cerebral», explica Joana Gonçalves, investigadora do Centro de Imagem Biomédica e Investigação Translacional (CIBIT) do Instituto de Ciências Nucleares Aplicadas à Saúde (ICNAS) da UC e coordenadora do projeto.

    O triptofano é um aminoácido fundamental para a produção de serotonina (um neurotransmissor que regula o humor, sono, apetite, ritmo cardíaco, temperatura corporal, sensibilidade e funções cognitivas), sendo apenas adquirido através da alimentação, estando presente em produtos como queijo, salmão, frutos secos e ovos.

    Pode também ser obtido através da suplementação, que deve consumida apenas sob orientação médica.

    Até ao momento, estudos laboratoriais com modelos animais já realizados «mostraram a importância da dieta durante a gestação para o desenvolvimento normal do cérebro.

    De facto, o triptofano parece ter um papel fundamental no cérebro, sendo, no entanto, ainda desconhecido o seu exato papel durante o desenvolvimento gestacional do cérebro», contextualiza a investigadora.

    «Tendo conhecimento que o triptofano poderá ser fundamental no desenvolvimento de circuitos neuronais funcionais, este estudo poderá servir como prova de conceito para estudos futuros maiores e ensaios clínicos», explica Joana Gonçalves.

    Em estudos científicos anteriores, «as doenças do neurodesenvolvimento, tais como Transtorno do Espectro Autista, têm sido associadas a alterações da flora intestinal que poderão resultar de maus hábitos alimentares, como por exemplo o consumo de dietas com alto teor de gordura.

    Assim, estes comportamentos alimentares durante a gravidez podem representar janelas de risco adicional para deficiências cognitivas», sublinha a investigadora.

    Neste sentido, com este projeto a equipa da UC pretende deixar «uma melhor compreensão das relações entre dieta materna e desenvolvimento cerebral, o que poderá contribuir para melhorar o tratamento de condições autistas», destaca Joana Gonçalves.

    A investigadora refere ainda que o projeto «poderá trazer novos conhecimentos sobre as necessidades nutricionais de mulheres grávidas», sublinhando que, no entanto, «devido à discrepância económica existente na sociedade, nem todas as mulheres grávidas terão ao seu dispor alimentos ricos em triptofano, sendo, por isso, importante perceber se a deficiência de triptofano no organismo poderá causar alterações cerebrais na descendência e no desenvolvimento de doenças do neurodesenvolvimento». (Catarina Ribeiro/Universidade de Coimbra)

    8 DE MAIO DE 2023



    VOCÊ TAMBÉM PODE ESTAR INTERESSADO EM

    O Ministério da Saúde incorporou ao Sistema Único de Saúde (SUS) a rivastigmina em adesivo. O medicamento é utilizado no tratamento de demência provocada pela doença de Alzheimer.
    Em experimentos com ratos, pesquisadores da USP observaram, no tecido cerebral, alterações em genes relacionados ao metabolismo energético
    Em estudo, relação entre quantidade de dois subtipos de células de defesa, neutrófilos e linfócitos, apresentou associação com sobrevida de pacientes.
    O uso regular de redes sociais contribui para a saúde mental, de acordo com uma pesquisa australiana.
    Dependendo dos resultados de estudos de segurança, os componentes da própolis têm potencial para serem incorporados a enxaguantes bucais, por exemplo.
    Pesquisa em ratos mostrou aumento da pressão arterial e comprometimento na regulação fisiológica do sistema cardiovascular da prole. Além das frutas, esse carboidrato simples é encontrado no xarope de milho, ingrediente amplamente utilizado pelas indústrias alimentícia e de bebidas.

    © 1991-2024 The Titi Tudorancea Bulletin | Titi Tudorancea® is a Registered Trademark | Termos de Uso
    Contact