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    Nanoemulsão de curcumina é testada no tratamento de inflamação intestinal

    Uma nanoemulsão contendo partículas de curcumina – substância conhecida por sua ação antioxidante e anti-inflamatória – se mostrou capaz de modular a microbiota intestinal em camundongos que sofriam de inflamação nesse órgão.



    A emulsão com partículas nanométricas de curcumina foi testada em camundongos. Foto: acervo dos pesquisadores


    Os experimentos foram conduzidos por pesquisadores da Universidade do Oeste Paulista (Unoeste) e da Universidade Estadual Paulista (Unesp).

    A curcumina é um polifenol encontrado no açafrão-da-índia (Curcuma longa) e que faz parte de um grupo de componentes bioativos denominados curcuminoides. O composto tem ganhado destaque no combate a doenças inflamatórias intestinais.

    Contudo, há um desafio a ser superado: a biodisponibilidade da curcumina é baixa quando administrada por via oral. E esse problema é ainda maior em pessoas com doença de Crohn, colite ulcerativa e outras condições associadas à inflamação no intestino e a alterações na microbiota.

    Com o objetivo de melhorar a eficácia da curcumina nesses casos, os cientistas desenvolveram uma emulsão com partículas nanométricas da substância, invisíveis a olho nu.

    “O trabalho foi realizado em duas etapas. Na primeira foi feita a nanoemulsão carreadora da substância e avaliadas a estabilidade e as características morfológicas e físico-químicas”, conta Lizziane Eller, professora nos cursos de farmácia e nutrição da Unoeste que participou da pesquisa.

    O passo seguinte foi testar a ação da nanoemulsão em camundongos. Para isso, os pesquisadores induziram nos animais um quadro de inflamação intestinal utilizando um fármaco chamado indometacina.

    Em seguida, os animais receberam a nanoemulsão por via oral durante 14 dias.

    Após esse período, o impacto da substância foi avaliado por análises macroscópica, histopatologia (técnica que consiste em analisar, em microscópio, o tecido fixado em parafina) e metagenômica (sequenciamento de toda a comunidade de microrganismos do intestino).

    De acordo com a pesquisadora, foi possível observar que a nanoemulsão de curcumina pode ser uma boa estratégia para melhorar a biodisponibilidade da substância e que ela foi capaz de modular a microbiota intestinal dos roedores após o dano causado pela indometacina, aumentando a presença de bactérias benéficas no órgão.

    “A nanoemulsão não levou a uma melhora significativa da inflamação dos camundongos tratados em relação ao grupo controle. Entretanto, quantidade relativa do gênero Lactobacillus foi maior no grupo que recebeu a nanoemulsão de curcumina em cerca de 25%.”

    Este foi o primeiro estudo sobre a avaliação do efeito da utilização da substância dessa forma e ressaltou a importância do desenvolvimento de novas formulações a fim de aprimorar o uso da curcumina na prevenção e no tratamento da doença inflamatória intestinal, já que ela tem se mostrado uma boa opção aos tratamentos já utilizados contra a enfermidade, que têm custo elevado e envolvem efeitos colaterais significativos.

    O grupo continua trabalhando com a avaliação do potencial de outros nutracêuticos na forma de nanoformulações.

    “Para a nanoemulsão de curcumina, em específico, estamos ajustando a formulação no intuito de aumentar a biodisponibilidade da substância ativa e, em breve, aplicaremos em outros protocolos de dano intestinal”, conta Eller. (Thais Szegö/Agência FAPESP)

    4 DE MARÇO DE 2024



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