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Oxigenoterapia hiperbárica mostra-se eficiente na recuperação de lesões no joelho
O Instituto de Ortopedia do Hospital das Clínicas realizou um estudo mostrando que a oxigenoterapia hiperbárica pode contribuir com a recuperação de lesões musculoesqueléticas e aponta a eficácia da câmera hiperbárica na recuperação pós-cirurgia de reconstrução do ligamento cruzado anterior no joelho.
A análise em desenvolvimento abriu novas linhas de pesquisa no tratamento de algumas doenças ortopédicas, como é exposto pelo líder do estudo e professor Marcos Demange, do Instituto de Ortopedia e Traumatologia (IOT) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina (HCFM) da Universidade de São Paulo.
A lesão no ligamento cruzado anterior do joelho é um dano comum entre os praticantes de esportes, que é ocasionado quando o atleta estoura o ligamento central do joelho, deixando-o instável. De acordo com o professor, o tempo de recuperação após o tratamento pode ser longo até que o ligamento fique novamente forte.
“Ocorre quando a pessoa trava o joelho no chão e gira o ligamento que está em seu centro, ele pode estourar e, quando isso acontece, a pessoa fica com o joelho sem estabilidade ou seja, ele afrouxa. O tratamento normalmente demanda uma cirurgia que tem um tempo longo de recuperação, de quase 26 meses até esse ligamento ficar resistente”, explica o especialista.
Demange expõe que o tratamento passou a ser utilizado para cicatrizar tecidos em que a oxigenação era ruim e em que bactérias cresciam demasiadamente, gerando infecções, gangrenas ou feridas grandes.
Utilizando a mesma lógica de tecidos que não possuem boa oxigenação e que, por isso, demoram para cicatrizar, o professor e sua equipe tiveram a ideia de utilizar a medicina hiperbárica no sistema esquelético.
“Estamos no ar ambiente, que tem em torno de vinte e poucos por cento de oxigênio e a nossa pressão no corpo é de uma atmosfera que está aí em cima da gente. Quando colocamos uma pessoa dentro de uma câmera hiperbárica, significa aumentar a pressão em uma ou duas vezes do que estaria na atmosfera, é como se fosse um mergulho de 20m no mar de pressão”, descreve o especialista
Além disso, coloca-se um oxigênio a 100% dentro da câmera hiperbárica e, em vez dos vinte poucos por cento que a gente está respirando, faz com que o oxigênio, além de ser transportado pela hemoglobina, corra pelo plasma, elevando o nível do oxigênio mais de seis ou sete vezes, ajudando a célula a crescer, explicita o professor.
Embora a terapia seja benéfica, existem algumas contraindicações.
“As duas contraindicações mais relevantes são, por exemplo, se uma pessoa está com glaucoma, que é o aumento de pressão dentro do olho, ela não pode se submeter a um tratamento desse tipo. Como também em pessoas que possuem claustrofobia muito forte e que possuam convulsões que não estão sendo controladas”, reitera o especialista.
Os estudos desenvolvidos ainda serão utilizados na prática; no momento, os estudos clínicos com os pacientes serão iniciados. A linha de pesquisa vai ser expandida para outros locais que não só do ligamento cruzado anterior, mas também para o menisco, a cartilagem, o tendão do ombro e em outras regiões com uma cicatrização ruim. (Jornal da USP)