Um Mundo de Conhecimento
    Ciência

    Peixes recifais brasileiros são resilientes a mudanças no clima e ao declínio dos corais

    Estudo sugere que as comunidades de peixes que habitam os recifes da costa brasileira são resilientes a alterações ambientais decorrentes das mudanças climáticas, entre elas o declínio dos corais.



    Com base em imagens capturadas em 36 pontos da costa, pesquisadores simularam em computador o desaparecimento dos recifes. Os dados sugerem a manutenção de boa parte das funções ecológicas dos peixes mesmo no ambiente alterado. Foto: Ronaldo Francini-Filho


    “Devido à alta sedimentação e à influência de água doce dos rios, os recifes brasileiros apresentam uma cobertura de corais e complexidade estrutural baixas em comparação a outras regiões, como o Caribe.

    Por isso, são chamados de recifes ‘marginais’. O estudo mostrou que as comunidades de peixes nesses locais são resistentes a mudanças climáticas que influenciam negativamente as comunidades de corais”, explica Juan Quimbayo, coautor do estudo e bolsista de pós-doutorado no Centro de Biologia Marinha da Universidade de São Paulo (CEBIMar-USP).

    Os resultados contrastam com o que ocorre nos oceanos do Indo-Pacífico e Caribe, onde o declínio de corais frequentemente leva ao colapso geral de todo o ecossistema recifal.

    É possível, portanto, que os peixes em recifes brasileiros consigam se adaptar melhor a um futuro com menos corais, que são extremamente sensíveis às mudanças climáticas.

    Mesmo não sendo muito abundantes, os corais do litoral brasileiro favorecem a ocorrência de peixes e ajudam a aumentar a diversidade desses animais nos recifes.

    “As colônias de corais oferecem muitos recursos para os peixes, como abrigo e alimentação. Por isso, cerca de 40% das espécies de peixes analisadas, de um total de 113 espécies, têm maior probabilidade de ocorrer em locais com maior abundância de corais”, conta André Luza, primeiro autor do estudo e pesquisador de pós-doutorado na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).

    Para chegar aos resultados, os pesquisadores fizeram modelagens computacionais a partir da observação de peixes recifais em 36 pontos distribuídos ao longo dos 8 mil quilômetros de litoral brasileiro.

    A coleta de dados consistiu na instalação de câmeras cobrindo dois metros quadrados em vários sítios de coleta, resultando em aproximadamente 4 mil horas de filmagens.

    Segundo os autores, os peixes recifais brasileiros provavelmente manterão boa parte das funções ecológicas que realizam, apesar dos declínios de corais induzidos pelo clima e a consequente perda de espécies associadas aos corais.

    Os pesquisadores ressalvam, porém, que as análises foram feitas apenas em computador e os corais não foram removidos experimentalmente para identificar outros efeitos sistêmicos.

    Não se sabe, por exemplo, quais impactos em cascata podem ocorrer com a retirada de espécies do ecossistema ou se a sobrepesca já afetou as funções ecológicas dos peixes recifais.

    Ainda assim, os resultados contribuem para um planejamento das estratégias de conservação de recifes brasileiros focadas em refúgios climáticos, ou seja, na priorização de ambientes capazes de se adaptar às mudanças do clima.

    Os recifes são estruturas formadas por esqueletos de invertebrados sobre as rochas das porções mais rasas dos oceanos. Esses ecossistemas ocupam apenas 0,000063% da superfície terrestre, mas abrigam pelo menos um quarto do conjunto da fauna e flora marinhas.

    Devido à pesca, poluição e às mudanças climáticas, essas espécies estão em declínio globalmente. Estima-se que 14% dos corais do mundo desapareceram entre 2009 e 2018, o que representa cerca de 11.700 quilômetros quadrados. (Agência FAPESP)

    19 DE JANEIRO DE 2023



    VOCÊ TAMBÉM PODE ESTAR INTERESSADO EM

    Dados genéticos do fruto e informações arqueológicas sobre os povos da Amazônia revelaram que o cupuaçu não é uma espécie nativa, tendo surgido da domesticação do cupuí pelos indígenas.
    Estudo da USP observou que a interação – obrigatória para a sobrevivência das espécies em outros países – é ocasional em países neotropicais.
    Assim como os cães, as abelhas podem ser treinadas para desempenhar tarefas de farejamento, como reconhecer com precisão a fragrância de culturas agrícolas de interesse econômico, como o café (Coffea arabica), e, dessa forma, polinizá-las com maior eficácia.
    Extratos de lúpulo não comprometem o sabor e o cheiro da carne; frangos suplementados com a planta apresentaram quantidade maior de antioxidantes.
    A confirmação, por parte do Centro de Controle e Prevenção de Doenças Transmissíveis dos Estados Unidos, da relação entre o vírus Zika e a microcefalia, é importante para validar cientificamente as pesquisas feitas no Brasil.
    O hormônio do crescimento GH, que é responsável pelo desenvolvimento ósseo e aumento da estatura, também atua diretamente para evitar a perda de peso.

    © 1991-2024 The Titi Tudorancea Bulletin | Titi Tudorancea® is a Registered Trademark | Termos de Uso
    Contact