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Pesquisadores monitoram comportamento das onças na Amazônia
Pesquisadores do Instituto Mamirauá aproveitam o período chuvoso na Floresta Amazônica para fazer o monitoramento das onças-pintadas. Em março, o nível da água começa a subir, reduzindo a quantidade de terra disponível. É quando as onças buscam abrigo nos galhos das árvores. Para isso, chegam a escalar mais de 30 metros de altura – um fenômeno que só acontece na Amazônia.
Segundo o pesquisador Marcos Brito, do Grupo de Ecologia e Conservação de Felinos na Amazônia do Instituto Mamirauá, nesta época é feita a captura do animal para o monitoramento e análise do comportamento da onça-pintada.
“No mês de março o nível da água da várzea do Mamirauá começa a subir e a água começa a invadir a floresta, que é o fenômeno chamado pulso de inundação. Isto diminui a quantidade de terra disponível para as onças e elas começam a procurar outros lugares como os galhos das árvores”, explicou.
Para a captura das onças, os pesquisadores usam armadilhas com laços camufladas nas folhas. Depois de imobilizados, os animais recebem um colar que emite um sinal para o monitoramento.
“Nós acompanhamos todos os movimentos da onça-pintada através do sistema GPS instalado no colar. Eu recebo no meu computador o sinal via satélite e consigo acompanhar a movimentação da onça capturada.
Quando ela subir na árvore, vou até o animal para fazer o monitoramento presencial”, disse o pesquisador.
Para o monitoramento das onças, os pesquisadores usam canoas pelas áreas alagadas da floresta, procurando o animal sem fazer barulho, para garantir a aproximação e a captura do felino.
Marcos Brito relatou a captura de uma onça macho de 61 quilos em 2022. “Chamamos ele de Raí. Neste ano, pegamos outro animal, mas vamos continuar em campo até o final do mês, tentando pegar mais uma onça, porque temos algumas perguntas ecológicas e comportamentais que precisamos de mais de um animal monitorado para tentar investigar. Por isso, temos a expectativa de pegar mais de um felino em 2023”, afirmou, lembrando que a média é de uma captura por ano.
De acordo com o pesquisador do Mamirauá, diariamente, é feita a checagem presencial para ver se a armadilha está no lugar correto. “Muitas vezes a chuva tira a terra que esconde a armadilha”, informou.
Marcos Brito ressaltou que a pesquisa é fundamental para obter um banco de dados e observar o comportamento da onça-pintada da Amazônia.
“O estudo revela o comportamento das onças para entendermos a movimentação e as necessidades ecológicas básicas aqui na Várzea Amazônia”, destacou.
“A gente já observou fêmeas com filhotes, animais que ficam pulando, a onça caçando, comendo. A gente tem uma janela muito maravilhosa do comportamento desses animais que é muito difícil de ver em outras circunstâncias.”
Esse fenômeno também provoca a aproximação do homem com o animal, o que é um atrativo para o turismo local. “Isso também abre uma oportunidade para o turista conhecer a região, o que levou ao desenvolvimento do turismo de base comunitária”, afirmou Marcos Brito.
A onça-pintada fica em locais confortáveis mesmo com a presença das pessoas.
“O bicho fica lá em cima dormindo tranquilamente, e as pessoas se aproximam do animal. A gente encara esse turismo como uma oportunidade de aproximar o homem da natureza. As onças são muito tranquilas. E a maior parte do dinheiro deixado pelo turista fica com o morador local. A comunidade vê essa movimentação com os turistas um ponto positivo, porque traz um benefício tangível para a vida deles”, completou o pesquisador. (Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, Brasil)