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    Produto à base de óleos essenciais tem capacidade de reduzir a carga viral do sars-cov-2 em superfícies

    Cientistas desenvolveram uma estratégia inovadora para o combate ao vírus causador da covid-19, encapsulando óleos essenciais de duas plantas aromáticas – alecrim-pimenta (Lippia sidoides), originária do Nordeste brasileiro, e cravo-da-índia (Syzygium aromaticum), nativo da Indonésia – em nanocarreadores lipídicos (moléculas de gordura extremamente pequenas).



    Cravos da Índia secos. Foto: Brian Arthur/Wikinews


    O produto vem sendo considerado pela comunidade científica como uma inovação significativa no combate ao sars-cov-2 devido à versatilidade das aplicações, que incluem desinfecção de superfícies, revestimento de máscaras cirúrgicas, membranas de filtros de ar e incorporação em formulações farmacêuticas tópicas.

    Os testes confirmaram o poder virucida dos dois óleos essenciais, aprimorado de forma significativa pela sua incorporação nos nanocarreadores lipídicos.

    Os resultados do estudo mostram que a equipe – pesquisadores do Laboratório de P&D em Processos Farmacêuticos (Grupo Laprofar) da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP) da USP e do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Unesp de Botucatu – obteve um produto com capacidade de reduzir a carga viral do sars-cov-2 com potência 100 vezes superior à da solução de fenol a 1,0% (normalmente utilizada em desinfetantes).

    Os testes também demonstraram que os nanocarreadores com óleos essenciais não são tóxicos para as células animais.

    “Este produto não é um tratamento para a covid-19, mas sua capacidade de inativar o vírus representa uma importante ferramenta adicional para prevenir a contaminação e disseminação da covid e, potencialmente, de outras infecções virais”, ressalta o professor Wanderley Pereira de Oliveira, coordenador do Grupo Laprofar.

    O Grupo Laprofar, que já havia testado com sucesso o alecrim-pimenta, rico nas substâncias timol e carvacrol, contra bactérias e fungos resistentes, decidiu explorar a associação com o cravo-da-índia, que contém altas concentrações de eugenol.

    A associação dos dois óleos essenciais, segundo os pesquisadores, potencializou a ação antiviral. O mérito, no entanto, não se deve apenas à ação antimicrobiana dos óleos, mas também à tecnologia por trás dos nanocarreadores.

    O professor Oliveira explica que avaliaram o efeito de surfactantes (substâncias que influenciam a superfície de contato) e carga superficial das partículas para revestir e dar aos nanocarreadores propriedades importantes no combate ao vírus.

    “Testamos nanocarreadores com diferentes tipos de cargas – positivas e negativas – e observamos que aqueles com carga positiva foram mais eficazes contra o vírus.”

    Vírus como o da covid-19 são protegidos por uma membrana lipídica (gordura), conhecida como envelope, cuja destruição inativa o vírus. O encapsulamento dos óleos essenciais em nanocarreadores lipídicos intensifica a ação antiviral pela maior interação com o envelope viral e com a proteína.

    “O produto se mostrou mais eficiente com o uso de surfactantes catiônicos (carga positiva), que em tese facilitariam a interação dos nanocarreadores com a proteína superficial spike (do coronavírus), que possui carga negativa, bloqueando a infecção de novas células e impedindo sua proliferação”, lembra Oliveira.

    A utilização de tecnologia apropriada, para além da eficácia antiviral, conferiu ao novo produto estabilidade durante armazenamentos de 28 dias em temperatura ambiente (25 ºC), refrigerada (5 ºC) e a 37 ºC.

    Nesse período, “foram analisadas propriedades como o tamanho e a homogeneidade dos nanocarreadores, essenciais para sua eficácia biológica”, informa Gabriela Gil, pesquisadora do Laprofar. As propriedades do produto devem “se manter constantes desde sua fabricação até a aplicação, independente do uso final”, acrescenta.

    Também obtiveram elevada “eficiência de encapsulação” quanto à quantidade de princípio ativo incorporado na estrutura do nanocarreador.

    A medida dessa eficiência “é fundamental para compreender a efetividade do processo de encapsulação, estabilidade dos nanocarreadores e eficácia do produto”, afirma a pesquisadora.

    No caso dos óleos essenciais, o tipo de encapsulamento desenvolvido minimiza processos de volatilização e oxidação dos compostos, contribuindo para a melhoria da estabilidade da formulação e da atividade biológica, permitindo seu uso em aplicações mais elaboradas. (Wikinotícias)

    9 DE JULHO DE 2024



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