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Tétano Neonatal
O Tétano neonatal é uma doença infecciosa aguda, grave, não contagiosa, que acomete o recém-nascido (RN), nos primeiros 28 dias de vida, tendo como manifestação clínica inicial a dificuldade de sugar, irritabilidade e choro constante.
A doença é causada por uma bactéria chamada Clostridium tetani. A suscetibilidade do Tétano Neonatal é universal, afetando recém-nascidos de ambos os sexos. A doença não confere imunidade.
A imunidade do recém-nascido é conferida pela vacinação adequada da mãe. Os filhos de mães vacinadas nos últimos cinco anos com três doses da vacina apresentam imunidade passiva e transitória até dois meses de vida. A imunidade passiva, por meio do soro antitetânico (SAT), dura em média duas semanas e pela imunoglobulina humana antitetânica (IGHAT) cerca de três semanas.
Fatores de risco
• Baixas coberturas da vacina antitetânica em mulheres em idade fértil.
• Partos domiciliares assistidos por parteiras tradicionais ou outros sem capacitação e sem instrumentos de trabalho adequados.
• Oferta inadequada de pré-natal em áreas de difícil acesso.
• Baixa qualificação do pré-natal.
• Alta hospitalar precoce e deficiente acompanhamento do recém-nascido e da puérpera.
• Hábito cultural inadequado, associado ao deficiente cuidado de higiene com o coto umbilical e higiene com o recém-nascido.
• Baixo nível de escolaridade das mães.
• Baixo nível socioeconômico.
• Baixa qualidade da educação em saúde.
Trasmissão
O tétano neonatal não é transmitido de pessoa a pessoa e sim pela contaminação do coto umbilical com os esporos da bactéria, que podem estar presentes em instrumentos não esterilizados e utilizados para secção do cordão umbilical, como tesoura e fios para laqueadura do cordão.
Os esporos da bactéria também podem estar presentes em produtos do hábito cultural das populações, utilizados no curativo umbilical, como ervas, chás, pós e pomadas, entre outros.
Sintomas
O recém-nascido apresenta, em caso de tétano neonatal, os seguintes sinais e sintomas:
• Choro excessivo;
• Dificuldade para mamar e abrir a boca;
• Irritabilidade;
• Quando há presença de febre, ela é baixa;
• Contraturas musculares ao manuseio ou espontâneas.
Importante: O fato de não existir infecção no coto umbilical, não afasta a confirmação do tétano neonatal.
Diagnóstico
O diagnóstico do tétano neonatal é essencialmente clínico e não existe exame laboratorial específico para confirmação do diagnóstico. Exames laboratoriais são realizados apenas para controle das complicações e respectivas orientações do tratamento.
Diagnóstico Diferencial do Tétano Neonatal
• Septicemia – na sepse do RN pode haver hipertonia muscular, porém o estado geral é grave e cursa com hipertermia ou hipotermia, alterações do sensório e evidências do foco séptico (diarreia, onfalite, etc.). O trismo não é frequente nem ocorrem os paroxismos espásticos.
• Encefalopatias – podem cursar com hipertonia e o quadro clínico geralmente é evidente logo após o nascimento havendo alterações do sensório e crises convulsivas. O trismo não é uma manifestação frequente.
• Distúrbios metabólicos – hipoglicemia, hipocalcemia e alcalose.
• Outros diagnósticos diferenciais – principalmente, epilepsia, lesão intracraniana por traumatismo do parto, peritonites, onfalites e meningites.
Tratamento
O tratamento do tétano neonatal deve ser sempre em ambiente hospitalar. O paciente deve ser internado em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) ou em enfermaria apropriada, acompanhado por uma equipe médica e de enfermagem experiente e treinada na assistência dessa enfermidade, o que pode reduzir as complicações e a letalidade.
É necessário a administração de imunoglobulina humana antitetânica ou soro antitetânico, antibiótico, sedativos e outras medidas de suporte que o caso exigir.
Com base na literatura, recomendam-se os princípios básicos do tratamento do tétano neonatal ressaltando que a adoção destas medidas terapêuticas é da responsabilidade médica, tendo o intuito de curar o paciente, diminuir a morbidade e a letalidade causada pela doença. Dessa forma, o tratamento consiste em:
• Sedação do paciente antes de qualquer procedimento (sedativos e miorrelaxantes de ação central ou periférica).
• Adoção de medidas gerais que incluem manutenção de vias aéreas permeáveis (entubar para facilitar a aspiração de secreções), hidratação, redução de qualquer tipo de estímulo externo, alimentação por sonda e analgésicos.
• Utilização de IGHAT ou, em caso de indisponibilidade, administração do SAT.
• Antibioticoterapia: os fármacos de escolha são a penicilina G cristalina ou metronidazol. Não há evidências suficientes que sustentem a superioridade de uma droga em relação à outra, embora alguns dados mostrem maior benefício com o uso do metronidazol.
Importante: Outros sedativos e anticonvulsivantes (curare, hidrato de cloral a 10%, fenobarbital) poderão ser utilizados a critério médico.
Parto e puerpério
O atendimento higiênico ao parto é medida fundamental na profilaxia do tétano neonatal. O material utilizado, incluindo instrumentos cortantes, fios e outros, deve ser estéril para o cuidado do cordão umbilical e do coto.
As mães e os responsáveis devem ser orientados em todas as oportunidades sobe os cuidados com os recém-nascidos e o tratamento higiênico do coto umbilical com álcool a 70%.
A consulta do puerpério é de extrema importância para orientações e detecções de práticas que predispõem à doença, bem como para a atualização do calendário vacinal tanto da mãe como da criança.
Prevenção
A vacina antitetânica (esquema completo e atualizado) tem uma eficácia de quase 100% na prevenção do Tétano Neonatal. Além da vacina, o parto limpo (asséptico), cuidados higiênicos e adequados com o coto umbilical são fundamentais na prevenção da doença.
A realização do pré-natal é extremamente importante para prevenir o tétano neonatal. (Ministério da Saúde Brasil)