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Grupo da Unesp investiga como cidadãos percebem a biodiversidade urbana
Pesquisadores do Instituto de Biociências da Universidade Estadual Paulista (IB-Unesp) em Rio Claro conduziram um estudo comparando como os moradores das cidades de Bauru (SP) e de Belo Horizonte (MG) percebem as espécies de aves que habitam esses locais.
O objetivo era entender se os participantes da pesquisa reconhecem as espécies que são observadas mais e menos frequentemente nessas cidades situadas na chamada região neotropical – que abrange desde a América Central até a América do Sul, incluindo parte do sul do México e da península Baixa Califórnia, além de ilhas do Caribe.
A região neotropical, na qual o Brasil está inserido, apresenta uma grande diversidade de aves que exercem funções importantes para manter o funcionamento dos ecossistemas urbanos.
Para encontrar a resposta, os moradores responderam a um questionário on-line que continha imagens e cantos das aves para serem identificadas, além de perguntas sobre se eles sabiam a importância das aves para o funcionamento do ecossistema urbano e quais eram os sentimentos (positivos e negativos) que atribuíam às aves.
Segundo informou à Assessoria de Imprensa da Unesp a pesquisadora Gabriela Graviola, que liderou o estudo, as espécies de aves mais vistas em Bauru e Belo Horizonte incluem o bem-te-vi, maritaca, pomba-avoante, a pomba-doméstica e a rolinha-roxa.
Em geral, os moradores de ambas as cidades reconhecem a importância das aves para o funcionamento do ecossistema urbano e associam sentimentos positivos à maioria das espécies. “Entretanto, aves como o pombo-doméstico são relacionados a sentimentos ruins, como desgosto e doenças”, comenta o pesquisador João Carlos Pena, coautor do trabalho.
Os resultados indicam que os participantes foram capazes de reconhecer as ilustrações das aves mais frequentes em ambas as cidades, mas o mesmo não ocorreu em relação ao canto das aves. Segundo os autores, isso pode estar relacionado à alta poluição sonora ou à vida dinâmica presente nas grandes cidades, o que reduz a capacidade de reconhecer o ambiente de forma multissensorial.
Porém, os pesquisadores destacam que, como o estudo foi feito durante a pandemia e somente por meio da aplicação de questionários on-line, somente uma parcela da população foi considerada.
Segundo Milton Ribeiro, professor do IB-Unesp e um dos autores do artigo, “gerar conhecimentos sobre como os cidadãos percebem a biodiversidade urbana é essencial para o desenvolvimento de estratégias para o planejamento de ambientes onde a população humana e a fauna possam interagir, garantindo um melhor suporte para a conservação da biodiversidade nas cidades”. (Agência FAPESP)