Um Mundo de Conhecimento
    Saúde

    Única sessão de exercício aeróbico melhora a pressão arterial de pacientes com artrite reumatoide

    Uma caminhada de 30 minutos, em intensidade moderada, é capaz de reduzir temporariamente a pressão arterial de pacientes com artrite reumatoide.



    Resultados de estudo realizado na USP podem ser extrapolados para outras doenças inflamatórias autoimunes, como lúpus, artrite psoriática, miopatias inflamatórias e lúpus juvenil. Imagem: Larry D. Moore/Wikipedia


    E mais: em testes realizados por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), mulheres com a doença autoimune e hipertensão apresentaram melhora após a prática de exercício físico não só quando estavam em repouso, mas também durante episódios estressantes – como testes cognitivos e físicos –, que tendem a elevar a pressão arterial desses pacientes.

    A artrite reumatoide é uma doença inflamatória autoimune, caracterizada sobretudo pela dor articular e incapacidade funcional, e pode apresentar como problema secundário a pressão alta.

    Tanto é que as doenças cardiovasculares são a maior causa de morte de pessoas com artrite reumatoide. Estudos anteriores demonstraram que indivíduos com a doença autoimune apresentam risco de morte cardiovascular 50% maior que a população geral.

    “A artrite reumatoide está intrinsecamente ligada a problemas de hipertensão tanto por causa da alta inflamação, quanto por alguns medicamentos (usados no tratamento da doença autoimune) que podem ter efeito deletério sobre a função e estrutura dos vasos sanguíneos. Dessa forma, o paciente pode estar com a artrite controlada e ter a pressão arterial piorada, variando mais que o normal ao longo do dia. Por isso, para esses casos, é preciso pensar em estratégias não farmacológicas que complementem o controle da pressão arterial”, explica Tiago Peçanha, pesquisador colaborador da Faculdade de Medicina da USP e professor no Department of Sport and Exercise Sciences da Manchester Metropolitan University (Reino Unido).

    Já é sabido que o exercício físico é uma das melhores maneiras não farmacológicas de se controlar a pressão arterial no geral. “Mas ainda não se sabia exatamente o que acontecia com pessoas que têm artrite reumatoide e a hipertensão como consequência da doença autoimune. Afinal, eventos estressantes, como estresse mental ou situações que causam dor, podem inclusive aumentar a pressão desses indivíduos. No entanto, os resultados do nosso estudo foram muito positivos e reforçam a importância do exercício físico no manejo cardiovascular e como uma forma complementar de controle da pressão arterial desses pacientes”, afirma Tatiane Almeida de Luna, primeira autora do artigo.

    Peçanha afirma que os resultados do estudo realizado com pacientes com artrite reumatoide podem ser extrapolados para outras doenças inflamatórias autoimunes, como lúpus, artrite psoriática, miopatias inflamatórias e lúpus juvenil.

    “Isso porque a artrite reumatoide é um modelo de doença inflamatória que se assemelha a estas outras doenças. Portanto, a inflamação e suas consequências, como o aumento da pressão arterial, também se dão de maneira similar nessas outras doenças”, explica.

    Pacientes com artrite reumatoide tendem a apresentar alta pressão arterial sistólica (quando o coração se contrai para impulsionar o sangue para as artérias).

    Vale lembrar que a hipertensão arterial é uma doença crônica caracterizada pelos níveis elevados da pressão sanguínea nas artérias. Ela acontece quando os valores das pressões sistólica e diastólica são iguais ou ultrapassam os 140/90 mmHg (ou 14 por 9).

    Estudos anteriores mostram que cerca de 50% dos pacientes não atingem o valor considerado ideal para o controle da pressão arterial sistólica (menor que 140 mmHg), e isso parece ocorrer mesmo naqueles que aderem a tratamentos com anti-hipertensivos.

    Até mesmo durante o sono, quando o esperado é que a pressão arterial (sistólica e diastólica) seja levemente reduzida, os pacientes com artrite reumatoide costumam manter os valores mais elevados.

    Os pesquisadores explicam que, usualmente, esses pacientes também apresentam resposta aumentada da pressão arterial quando passam por situações de estresse, como durante o estresse mental, esforço físico ou em resposta a dor, o que pode contribuir para o alto risco cardiovascular nesta doença.

    Um estudo recente do mesmo grupo de pesquisadores observou que mulheres em período pós-menopausa e com artrite reumatoide apresentavam aumento da pressão arterial como resposta a um exercício de membros inferiores, e quanto mais grave era a inflamação, maior era o aumento da pressão arterial. (Maria Fernanda Ziegler/Agência FAPESP)

    19 DE DEZEMBRO DE 2023



    VOCÊ TAMBÉM PODE ESTAR INTERESSADO EM

    Embora a hipertensão arterial seja doença de maior prevalência em adultos, afetando cerca de 30% da população brasileira, o presidente do Departamento de Cardiologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), Jorge Afiune, advertiu que a pressão alta também ocorre na infância.
    Tomar vitaminas do complexo B pode ajudar a reduzir alguns dos efeitos nocivos da poluição do ar.
    Fragmentos de toxinas hemorrágicas com possível ação anti-hipertensiva foram encontrados por pesquisadores da Unifesp e do Instituto Butantan no veneno da jararaca-de-barriga-preta, do Sul do Brasil, e da surucucu, presente em florestas da América do Sul.
    Descoberta feita por grupos da USP pode contribuir para orientar, no futuro, o desenvolvimento de terapias gênicas para tratamento de pacientes com a síndrome Apeced.
    A infecção pelo SARS-CoV-2 pode suprimir em diversos tecidos do organismo a expressão de genes mitocondriais envolvidos com a produção de ATP, a molécula que serve de combustível celular. Descoberta abre caminho para a busca de estratégias capazes de reverter o quadro
    A baixa ocorrência de doença de Chagas entre povos indígenas da Amazônia pode ter uma explicação genética. Estudo mostra que uma variante genética, presente na imensa maioria dos indivíduos analisados na região, possui importante papel na resistência à infecção pelo parasita transmissor da doença.

    © 1991-2024 The Titi Tudorancea Bulletin | Titi Tudorancea® is a Registered Trademark | Termos de Uso
    Contact