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    Vírus da zika modificado em laboratório destrói células de tumores do sistema nervoso

    A transformação do vírus da zika em produto de biotecnologia para o tratamento de tumores do sistema nervoso é o resultado do projeto de uma startup criada por pesquisadores da USP. Testada com êxito em animais, uma versão sintética e modificada do vírus, que não transmite a doença, penetra nas células tumorais e, ao se multiplicar, leva essas células à morte.



    Micrografia eletrônica do vírus zika, em azul-escuro. Imagem: CDC/Wikimedia Commons


    A pesquisa, conduzida pela startup de biotecnologia Vyro Biotherapeutics, empresa incubada no Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia (Cietec) da USP, contou com a colaboração de pesquisadores do Instituto Butantan, Harvard Medical School (Estados Unidos) e Universidade de Cambridge (Reino Unido), entre outras instituições.

    O tratamento é voltado principalmente para tumores do sistema nervoso central, tanto em adultos quanto em crianças, que atingem cerca de 300 mil pessoas em todo o mundo, com sobrevida estimada em 14 meses após a descoberta do tumor.

    “Também foi observado um potencial para tumor de mama tipo triplo negativo”, afirma a pesquisadora Carolini Kaid, da Vyro, empresa criada por especialistas do Centro de Pesquisas do Genoma Humano e Células-Tronco (HUG-CELL) do Instituto de Biociências (IB) da USP.

    Com base em pesquisas sobre a atividade do vírus da zika contra tumores, os pesquisadores desenvolveram uma versão sintética, diferente da encontrada na natureza, que não transmite a doença.

    “Foi inserida no genoma do vírus uma sequência suicida, de modo que, se o vírus entrar em células saudáveis, ele é degradado”, relata Carolini Kaid. “Entretanto, quando entra em uma célula tumoral, ele replica, levando-a à morte.”

    “O vírus modificado usa a maquinaria da célula para replicar seu genoma e multiplicar. Quando a quantidade do vírus aumenta exponencialmente, a membrana plasmática da célula se rompe, processo conhecido como lise, e ela morre”, descreve a pesquisadora.

    “Por isso, esse tipo de terapia é chamado de oncolítica, ou seja, lise da célula tumoral.”

    Os testes foram feitos com camundongos Balb/C Nudes. “No experimento foram inseridas células tumorais humanas no cérebro dos animais, imitando uma metástase”, relata Carolini Kaid.

    “Sete dias depois da inserção e crescimento do tumor, o tratamento com vírus modificado é feito direto no cérebro ou de modo sistêmico, por meio de injeção na barriga do animal, o que equivale à introdução de soro na veia em seres humanos.” A metástase é a fase final da propagação das células de tumores pelo corpo.

    “Ambas as vias de administração mostraram remissão total do tumor, aumento de sobrevida e segurança”, ressalta a pesquisadora. “Como o vírus desenvolvido é sintético, o caminho para chegar à clínica é mais curto.” (Júlio Bernardes/Jornal da USP)

    12 DE MARÇO DE 2024



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